UM HORRÍVEL MASSACRE - Narrativa Clássica de Horror - Autor anônimo do séc. XIX
UM HORRÍVEL MASSACRE
Autor anônimo do séc. XIX
Achamo-nos vivamente impressionados por um acontecimento — tão singular como inexplicável — ultimamente ocorrido no vale de Ulfetta, perto de Castel Baronia.
Um advogado da vila de Ariano, muito conhecido, Giuseppe Ev...o, fugindo do calor, que nos tem abrasado, fora residir, provisoriamente, com toda a sua família, naquele vale, em uma casa conhecida pelo nome de “Casa Taberna”.
No dia 21, os vizinhos notaram que, até alto dia, não se tinha aberto a porta e nem uma só janela daquela casa, pelo que resolveram bater à porta: um silêncio de morte foi a única resposta que obtiveram.
Receando alguma catástrofe, foram prevenir o síndico de Ariano, que compareceu, à tarde, e mandou arrombar a porta.
O primeiro aposento em que o síndico, acompanhado de algumas pessoas, entrou, estava vazio e com as janelas hermeticamente fechadas.
Passando-se, depois, a outro quarto, que era o das crianças, um espetáculo terrível apresentou-se aos olhos.
Frederica, uma menina de cinco anos, estendida sobre a cama, tinha uma enorme ferida no peito e, ao seu lado, Michelangelo, de oito anos, estava com a cabeça esmigalhada.
Um pouco mais adiante, via-se outra criança, de três anos, estendida morta no chão.
Essa criança fora morta, sem dúvida, quando — horrorizada e assustada com os gritos — quis fugir instintivamente à sorte que a aguardava.
Horrorizados, o síndico e pessoas que o acompanhavam entraram no último compartimento.
Em um canto, acostava-se a mulher do advogado, que tinha ao colo uma criança de oito meses, ambas mortas.
Um pouco mais longe, a mais velha dos filhos do advogado — Grazia, moça de quinze anos — achava-se estendida no chão, horrivelmente desfigurada, porque o tiro, que lhe fora desfechado, arrancara-lhe parte do queixo e do crânio.
Finalmente, sobre um leito, com a fisionomia horrivelmente contraída, e empunhando um revólver que servira para aniquilar uma família inteira, via-se morto o autor de tantos crimes.
Ninguém pode atinar com o motivo que atuara sobre o espírito de tão excelente pai de família e bom cidadão para lavar a cabo tão horrível massacre.
Fonte: Correio da Victoria/ES, edição de 21 de setembro de 1870.
Comentários
Postar um comentário