O SÍNODO DO CADÁVER - Narrativa Clássica Verídica de Horror - Johann Peter Kirsch

O SÍNODO DO CADÁVER

Johann Peter Kirsch

(1861 – 1913)

Tradução de Paulo Soriano



Sob Estêvão VI, sucessor de Bonifácio VI, o Imperador Lamberto e Ageltrude recuperaram sua autoridade em Roma no início de 897, tendo renunciado às suas reivindicações à maior parte da Itália Alta e Central.

Como Ageltrude estava determinada a se vingar de seu oponente, o papa Formoso, mesmo após a morte deste, o papa Estêvão VI se prestou à revoltante cena de julgar o seu predecessor.

No sínodo convocado para essa finalidade, Estêvão ocupou a cátedra; o cadáver, vestido com vestes papais, foi retirado do sarcófago e sentado em um trono; próximo a ele estava um diácono, designado para, em seu nome, responder, revividas, a todas as antigas acusações formuladas contra Formoso sob João VIII.

A sentença foi a de que o falecido era indigno do pontificado — que ele não poderia ter recebido validamente —, já que era bispo de outra sé.

Todas as suas medidas e atos foram nulificados, e todas as ordens conferidas por ele foram declaradas inválidas.

As vestes papais foram arrancadas de seu corpo; os três dedos que o papa usara em consagrações foram cortados de sua mão direita; o cadáver foi sepultado em uma cova no cemitério reservado aos estrangeiros, para ser removido após alguns dias e lançado ao Tibre.

Em 897, o segundo sucessor de Estêvão mandou enterrar o cadáver, que um monge havia tirado do Tibre, e o reenterrou, com honras completas, na basílica de São Pedro.


Fonte: Catholic Encyclopedia (1913).

Ilustração: Jean-Paul Laurens (1838 – 1921).

 

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