UM TAPA NA FACE DO MORTO-VIVO - Conto Clássico de Horror - Yuan Mei
UM TAPA NA FACE DO MORTO-VIVO
Yuan Mei
(1716 – 1797)
Um homem chamado Qian, de Tongcheng, vivia nos arredores de Yifengmen.
Certa noite, quando pretendia voltar para casa, às duas da madrugada, os seus companheiros aconselharam-no a partir somente quando amanhecesse.
Qian, porém, recusou-se a fazê-lo. Assim, montou o seu cavalo, com uma lanterna, e viajou em pleno estupor da embriaguez.
Quando chegou a Sojiawan, onde havia um cemitério mui povoado de túmulos, Qian viu uma entidade a saltar do matagal, com os cabelos desgrenhados, os pés descalços e as faces lívidas.
O cavalo, muito assustado, estacou; a lanterna adquiriu um tom esverdeado.
Qian Yi estava bêbedo e, portanto, cheio de coragem. Por isso, deu uma bofetada na cara da aparição, cuja cabeça rodopiou. Mas, depois de um tempo, a coisa voltou a si. Então, a aparição avançou para o seu agressor, como se fosse um fantoche impelido pelo vento sombrio. Felizmente, tendo alguém dele se aproximado pela retaguarda, o morto-vivo recuou, recolheu-se no bosque do cemitério e esvaneceu.
No dia seguinte, a mão de Qian estava escura como tinta. Três ou quatro anos depois, aquela escuridão começou a diminuir. Inquiridos, os nativos disseram:
—Ele estava em vias de tornar-se um morto-vivo, mas a transformação não se materializou.
Versão em português de Paulo Soriano.
muito bom!
ResponderExcluir