O FIRMAL DE PRATA - Conto Clássico Fantástico - Frei Hermenegildo de Trancos
O FIRMAL DE PRATA
Frei Hermenegildo de Trancos
(Séc. XIV)
Um barão segral1 havia grande cobiça de fazer seu pecado com uma mulher. E ela era casta e boa, e porém não se atrevia ele de a demandar, mas cuidou falsamente e arteiramente como cumpriria sua má vontade.
E tomou um firmal2 de prata que era de grande preço e deu-o em guarda àquela mulher. E depois furtou-o em guisa que o ela não soube, e lançou o firmal em o mar, por tal que não lho podendo ela dar, ficasse por sua serva, e assim cuidava usar com ela como lhe prouguesse3.
E depois que isto fez, demandou o firmal à boa mulher. E ela entendeu o engano que lhe fora feito e acorreu-se a uma santa virgem que havia nome Brígida, e estando com ela veio um homem que trazia peixes do mar que ele tirara. E quando abriram um deles acharam em o ventre dele o firmal e deu-o a boa mulher àquele homem mau. E assim ficou vão o seu pensamento e sua arteirice.
Fonte: “Contos Tradicionais do Povo Português” de Teófilo Braga.
Ilustrações: PS/Perchance.
Notas:
1Secular.
2Broche de metal com que se seguram os vestidos.
3Aprovesse,
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