A GRANJA ASSOMBRADA DE GORESTHORPE - Conto Clássico de Terror - Arthur Conan Doyle
A GRANJA ASSOMBRADA DE GORESTHORPE
(Uma verdadeira história de fantasmas)
Arthur Conan Doyle
(1859 – 1930)
Rememorando os eventos de minha vida, tenho que aquela terrível noite assoma como um marco grandioso. Mesmo agora, depois de tantos anos, não consigo rememorá-la sem um estremecimento. Classifico, mentalmente, todos os pequenos incidentes e eventos como ocorridos antes ou depois do momento em que vi um fantasma.
Sim, eu vi um fantasma. Não seja incrédulo, leitor! Não zombe do que eu disse, malgrado eu não possa culpá-lo, pois eu mesmo já fui incrédulo o suficiente. No entanto, ouça os fatos da minha história antes de fazer um julgamento.
A velha granja ficava na minha propriedade de Goresthorpe, em Norfolk. A casa já foi demolida, mas lá estava quando Tom Hulton me visitou em 184__. Era um amontoado de velhas ruínas no cruzamento das estradas de Morsely e Alton, onde agora se vê o novo viaduto. Há muito, a densa erva daninha sufocava o jardim circundante, ao passo em que poças d’água estagnadas e o lixo acumulado de toda a vila envenenavam o ar circundante. Era um lugar sombrio durante o dia e assustador à noite, pois contavam-se estranhas histórias sobre a granja: dizia-se que sons — jamais pronunciados por lábios mortais — vinham daquelas paredes desgastadas pelo tempo, e os anciãos da vila ainda falavam de um homem, chamado Job Garston, que, há trinta anos, ousando dormir no seu interior, fora de lá arrancado, pela manhã, transformado: era agora um homem alquebrado e encanecido.
Eu costumava — lembro-me bem — atribuir tudo isso à influência do estranho e velho prédio sobre as mentes incultas das pessoas, e moralizava sobre os efeitos de uma educação liberal na remoção de tais fraquezas mentais. No entanto, só eu sabia que a granja, no que concerne a crimes graves, tinha certamente uma tão ortodoxa reputação de mal-assombrada quanto qualquer outro edifício registrado. O último inquilino, conforme descobri nos documentos de minha família, foi um certo Godfrey Marsden, um vilão de primeira linha. Lá viveu em meados do século passado e, em toda região, era sinônimo de ferocidade e brutalidade. Ele consumou os seus muitos crimes matando horrivelmente seus dois filhos pequenos e estrangulando a mãe deles. Na confusão da marcha dos Pretendentes para a Inglaterra, a justiça foi negligentemente administrada, e Marsden conseguiu fugir para o continente, perdendo-se dele todos os vestígios. Com efeito, corriam um boato, entre seus credores — os únicos que lamentavam a sua ausência —, de que o remorso o levara ao suicídio e que seu corpo fora levado para a costa francesa; todavia, os que o conheciam melhor, riam de que algo tão intangível pudesse exercer efeito sobre um rufião tão endurecido. Desde a época de Marsden, a granja não era mais alugada e caiu no estado de abandono em que agora se encontrava.
Tom Hulton era um velho colega de universidade e fiquei muito feliz em ver seu rosto honesto sob o meu teto. Ele alegrava a casa inteira — era a pessoa mais bem-humorada, calorosa e imprudente que eu já conhecera. Um estranho modo de pensar, de todo especulativo, derivado de sua educação alemã, parecia-me constituir o seu único defeito, e isto nos levava a constantes discussões, já que eu, formado em Medicina, encarava as coisas de um ponto de vista eminentemente prático. Recordo-me que, naquela noite — a primeira após sua chegada —, passamos de uma discussão a outra, mas sempre com o maior bom humor e sem chegar, invariavelmente, a conclusão alguma.
Já não me lembro de como surgiu a questão dos fantasmas. De qualquer forma, lá estávamos nós — Tom Hulton e eu —, à meia-noite, em pleno debate sobre espíritos e espiritualismo. Tom, quando discutia, costumava agitar um grande cachimbo de raiz de urze, e a essa altura estava cercado por uma densa espiral de fumaça, de onde sua voz saía como o oráculo de Delfos, enquanto sua figura robusta sobressaía na névoa.
— Digo-lhe, Jack — disse ele —, que é possível dividir a humanidade em duas classes: a dos homens que professam não acreditar em fantasmas, mas têm um medo mortal deles, e a dos que, ao menos, admitem a possibilidade da existência deles e se esforçariam para ver um espectro. Ora, não hesito em reconhecer que pertenço a esta última classe. É claro que sei, Jack, que você é um desses médicos credo quod tango1 , que trilham o estreito caminho da certeza dos fatos com a racionalidade típica de profissões como a sua. Eu, todavia, sempre tive uma estranha inclinação para o invisível e o sobrenatural, especialmente no que tange à existência de fantasmas. Mas não pense que sou tão tolo a ponto de acreditar no maldito espectro tradicional, com a sua corrente chacoalhante e seu sombrio refúgio sob a escada ou no porão; não, nada disso.
— Então, Tom, quero ouvir sua ideia de um fantasma confiável.
— Não é uma questão tão fácil — veja bem — explicar tudo isso a alguém, já que eu mesmo não consigo definir muito bem, mentalmente, o fenômeno. Você e eu acreditamos que, quando morre, um homem se livra de todas as cautelas e problemas deste mundo e, para o futuro, seja de alegria ou tristeza, é um espírito puro e etéreo. Bem, o que eu sinto é que é possível, a um homem, ser levado, às pressas, para fora deste mundo com uma alma impregnada de uma paixão tão absorvente, que ela se aferra a si mesma, depois de ter transcendido os portais da sepultura. Ora — continuou Tom, agitando, de um lado para o outro, de forma impressionante, o seu cachimbo, em meio à nuvem circundante —, imagino que o amor, o patriotismo ou alguma outra paixão pura e sublime podem ser alimentados por alguém que é agora um espírito; todavia, em se tratando de mais rudes sentimentos, como o ódio e a vingança, as coisas se passam de uma forma diferente. Podemos imaginar que, mesmo após a morte, há quem obstrua a pobre alma, subjugado pela necessidade de ainda habitar a rude matéria, que é mais adequada às paixões grosseiras que o absorvem. Eu poderia dilucidar as coisas incompreensíveis e inexplicáveis que acontecem até mesmo em nossa era, e aclarar a crença em fantasmas — profundamente enraizada —, que exite — por mais que a sufoquemos — em cada peito, e está presente em todas as épocas.
— Talvez você esteja certo, Tom — respondi. — Mas, como você disse quod tango credo, e como eu nunca vi nenhum de seus espíritos impregnados, peço-lhe licença para duvidar da existência de tais fantasmas.
— É muito fácil rir disso — respondeu Tom —, mas, neste mundo, há poucos fatos que não tenham sido motivo de riso, em algum momento. Diga-me uma coisa, Jack: você já procurou vislumbrar um fantasma? Você já caçou algum fantasma, meu rapaz?
— Bem, eu não posso dizer que eu já fiz isso — disse. — E você?
— Trato disto agora mesmo, Jack — disse ele, fumando seu cachimbo por algum tempo. Depois, prosseguiu:
— Veja bem, ouvi falar de uma velha mansão — ou velha granja — sua, por estes lados, que ostenta a fama de mal-assombrada. Agora, quero que você me empreste a chave da velha casa, pois hei de me alojar nela amanhã à noite. Há quanto tempo ninguém dorme lá Jack?
— Pelo amor de Deus, nem pense em fazer uma coisa tão imprudente! — exclamei. — Em cem anos, apenas homem dormiu na granja de Goresthorpe, e, pelo que eu sei, enlouqueceu.
— Ah! Isso parece promissor, muito promissor! — exclamou Tom, encantado. — Agora, observe a teimosia do público britânico, inclusive a sua, Jack. Você não acredita em fantasmas e não vai procurar onde dizem que um fantasma pode ser encontrado. Suponha, então, que se diga que há corvos brancos, ou alguma outra curiosidade natural, em Yorkshire, e alguém lhe garanta que não é assim, porque já percorreu o País de Gales inteiro sem ver nada disto… Sem dúvida, você, naturalmente, o consideraria um idiota. Bem, o mesmo não há de se aplicar a você, acaso se recuse a visitar a granja e resolver a questão de uma vez por todas?
— Se você for amanhã, certamente eu também irei — respondi —, mesmo que seja somente para evitar que retorne à sua casa com alguma história absurda sobre um espírito impregnado. Então, então boa noite, Tom.
Com isso, nós nos separamos.
Confesso que, pela manhã, comecei a sentir que tinha sido um pouco imprudente ao encorajar Tom em sua ridícula expedição.
— Foi aquele maldito uísque irlandês — pensei. — Eu sempre me excedo depois do terceiro copo; mas, a esta altura, talvez também Tom já tenha recobrado o juízo.
Fiquei lamentavelmente decepcionado com esta expectativa, pois Tom jurou que passara a noite acordado, planejando e preparando tudo para a incursão noturna.
— Temos que levar pistolas, meu velho. Eu sempre as levo. Além disto, temos nossos cachimbos, algumas onças de tabaco, nossos acolchoados e uma garrafa de uísque… e, nada mais, eu acho. Por Júpiter, creio mesmo que vamos achar um fantasma esta noite!
“Deus me livre!”, exclamei mentalmente; mas, como não havia como escapar, fingi estar tão entusiasmado com aquilo quanto o próprio Tom.
Tom passou o dia todo num estado de excitação selvagem. Ao cair da noite, caminhamos até a velha granja de Goresthorpe. Lá estava ela: fria, sombria e desolada como sempre, sob o uivo dos ventos. Grandes faixas de hera, pendentes das paredes, balançavam-se e agitavam-se ao vento como as plumas de um carro funerário. Como, a meus olhos, as luzes da vila pareciam confortáveis quando giramos a chave na fechadura enferrujada! Acesa uma vela, começamos a caminhar pelo salão empoeirado de lajes de pedra.
— Aqui estamos! — disse Tom, abrindo uma porta e revelando uma sala grande e sombria.
— Pelo amor de Deus, ainda não! — disse. — Achemos uma saleta onde possamos acender a lareira e ter a certeza, num relance, de que somos lá as únicas pessoas.
— Tudo bem, meu velho — respondeu Tom rindo. — Por conta própria, fiz hoje uma pequena exploração e conheço o lugar muito bem. Tenho algo perfeito para você do outro lado da casa.
Tomou novamente a vela enquanto falava e, fechando a porta, conduziu-me de uma passagem a outra através do antigo e irregular edifício. Chegamos finalmente a um longo corredor, que percorria toda a extensão de uma ala da casa, dotada de uma aparência sumamente fantasmagórica. Uma parede era completamente íntegra, enquanto a outra tinha aberturas para janelas a cada três ou quatro passos, de maneira que, quando a lua brilhava na escuridão, a passagem era salpicada, aqui e ali, por manchas de luz branca. Havia, perto do fim do corredor, uma porta que dava para um pequeno cômodo, mais limpo e com aparência mais moderna do que o resto da casa, guarnecido de uma grande lareira frontal à entrada. Cortinas vermelho-escuras adornavam a sala e, quando acendemos a lareira, o vi que o ambiente era realmente mais aconchegante do que ousara esperar. Tom pareceu indizivelmente incomodado e descontente com o resultado:
— Quem quiser que chame isto de casa mal-assombrada — disse ele —, porque é melhor ficarmos num hotel, esperando ver um fantasma! Isso não é, de forma alguma, o tipo de coisa que eu esperava.
Somente quando a sarça foi reabastecida duas vezes é que ele começou a recuperar a habitual serenidade de temperamento.
Talvez tenha sido o nosso curioso ambiente que deu sabor à vista aérea e suavizou o uísque, mas é certo que nossa própria excitação reprimida animou a conversa. Certamente, nenhum de nós jamais passara uma noite mais agradável.
Lá fora, o vento uivava e rugia, lançado a hera na atmosfera. A lua brilhava intermitentemente por entre as nuvens escuras que se deslocavam pelo céu, e o ouvíamos, acima de nós, o tamborilar cadenciado da chuva nas ardósias.
— O teto pode ter goteiras, mas não pode nos atingir — disse Tom —, pois há um quartinho, acima de nós, com um ótimo piso. Não ficaria surpreso se fosse o mesmo quarto onde aqueles jovens foram esquartejados por aquele pai exemplar. Bem, já é quase meia-noite e, se vamos ver alguma coisa, fá-lo-emos em breve. Por Deus, que vento gelado entra pela porta! Lembro-me de me ter sentido assim quando estava esperando do lado de fora, antes de ir para a minha prova oral na faculdade. Você também parece animado, meu velho.
— Silêncio, Tom! Não ouviu um barulho no corredor?'
— Não se preocupe! — disse Tom. — Passe-me uma espingarda, meu velho.
— Juro que ouvi uma porta batendo forte — insisti. — Vou dizer-lhe uma coisa, Tom: sinto-me como se sua ambição fosse realizar-se esta noite e não tenho vergonha de dizer que lamento profundamente tê-lo acompanhado numa missão tão imprudente.
— Diabos! — disse Tom. —Não adianta mais perder tempo com isso. Meu Deus, o que é isso?
Era um suave ruído no quarto, próximo ao cotovelo de Tom. Levantamo-nos num salto e Tom caiu na gargalhada.
—Ora, Jack — disse ele —, você está me fazendo de velhota; afinal, foi só a chuva que entrou, e está caindo ali, naquele pedaço de papel solto. Que tolos nós fomos ao nos assustarmos. Ora, foi ali mesmo que ela caiu…
— Meu Deus! — gritei. — O que houve com você, Tom?
O seu rosto havia adquirido um tom lívido, seus olhos estavam fixos e arregalados, e seus lábios entreabertos pelo horror e pelo espanto.
— Olhe! — ele quase gritou. — Olhe!
E ergueu o pedaço de papel que estivera pendurado na parede mofada. Que coisa! Estava todo pontilhado, salpicado de gotas de sangue ainda líquido. Enquanto olhávamos aquilo, outra gota caiu no chão com um frágil respingo. Nossos rostos pálidos estavam voltados para cima, traçando o curso daquela chuva horrível. Podíamos discernir uma pequena rachadura na cornija e, por ela, como por uma ferida na carne humana, o sangue parecia jorrar. Outra gota caiu, e mais outra, enquanto olhávamos, fascinados.
— Venha, Tom, venha! — gritei por fim, incapaz de suportar aquilo. —Venha! A maldição de Deus recai sobre este lugar.
Enquanto falava, agarrei-o pelo ombro e virei-me para a porta.
— Por Deus, eu não vou! — gritou Tom ferozmente, desvencilhando-se de mim. —Venha comigo, Jack, e descubra o que está acontecendo. Pode haver aqui alguma vilania. Droga, homem, não se deixe intimidar por uma ou duas gotas de sangue! Não tente me impedir! Verei o que há.
Ele passou por mim e correu para o corredor.
Que momento foi aquele! Mesmo que eu vivesse até os cem anos, jamais conseguiria me livrar da lembrança vívida que tenho daquele instante. Lá fora, o vento ainda uivava pelas janelas, enquanto um relâmpago ocasional iluminava a velha granja. Dentro de casa, não havia som algum, exceto o ranger da porta ao ser aberta e o suave estalo daquela chuva horrenda vinda de cima. Então Tom cambaleou de volta para o quarto e me agarrou pelo braço.
—Vamos ficar juntos, Jack — disse ele num sussurro atônito. —Tem alguma coisa vindo pelo corredor!
Um fascínio horrível nos levou até a porta, e espiamos juntos o longo e escuro corredor. Como disse, de um lado, a passagem era vazada por numerosas aberturas por onde penetrava o luar, lançando pequenos raios de luz sobre o chão escuro. Ao fundo do corredor, podíamos ver que algo obscurecia primeiro um desses pontos brilhantes, depois o seguinte, em seguida o outro. Desaparecia na penumbra, depois reaparecia onde a janela subsequente lançava sua luz; então, desaparecia novamente. Vinha, rapidamente, em nossa direção. Ora estava a apenas quatro janelas de nós, ora três, ora duas, uma, e, então, a figura de um homem emergiu no clarão de luz que irrompia de nossa porta aberta. Correu velozmente e desapareceu na escuridão, do lado oposto ao nosso. Sua roupa era antiquada e desgrenhada, e o que pareciam ser longas fitas escuras pendiam de seus cabelos, de cada lado de seu rosto moreno. Mas aquele rosto em si — quando o esquecerei? Enquanto corria, ele se mantinha meio virado para trás, como se esperasse um perseguidor, e seu semblante expressava tal grau de desespero e de terrível medo que, por mais assustado que eu estivesse, meu coração sangrava por ele. Quando seguimos a direção de seu olhar horrorizado, vimos que ele, de fato, tinha um perseguidor. Como antes, podíamos traçar a sombra escura deslizando sob os raios brancos do luar, antes de emergir no círculo de luz lançado por nossas velas. Era uma bela e imponente dama, uma mulher de talvez vinte e oito anos, com o vestido curto e a magnífica cauda do século passado. Sob seu adorável queixo, percebemos, num lado do pescoço, quatro pequenas manchas escuras e, do outro lado, uma maior. Ela passou por nós, sem virar-se para os lados, com seu olhar pétreo voltado para lugar onde o fugitivo havia desaparecido. Em seguida, ela também se perdeu na escuridão. Um minuto depois, enquanto estávamos ali parados, ainda olhando, um grito horrível, um grito de agonia terrível, ecoou bem acima do vento e do trovão… Então, a quietude dominou todo o ambiente doméstico.
Não sei por quanto tempo ficamos ali, fascinados, agarrados um ao outro. Deve ter passado algum tempo, pois a vela nova tremulava no soquete quando Tom, com um estremecimento, caminhou rapidamente pelo corredor, ainda segurando minha mão. Sem dizer uma palavra, saímos pela porta do saguão arruinado e, em meio à tempestade e à chuva, atravessamos o muro do jardim, passamos pela vila silenciosa e subimos a avenida. Foi só quando estávamos em minha confortável e pequena sala de fumantes — onde Tom, por força do puro hábito, acendeu um charuto —, que ele pareceu recuperar a serenidade.
— Bem, Jack — foram as primeiras palavras que ele disse —, o que você acha de fantasmas agora?
Seu comentário seguinte foi este:
—Droga, perdi o melhor cachimbo de raiz de urze que já tive, pois serei enforcado antes de voltar lá para buscá-lo.
— Vimos uma cena terrível! — disse. — Que cara ele tinha, Tom! E aquelas fitas horríveis penduradas em seu cabelo, o que eram, Tom?
— Fitas?! Ora, Jack, você não reconhece algas marinhas quando as vê? E eu já tinha visto antes aquelas marcas escuras, que estavam no pescoço da mulher, e você também já as viu nos seus estudos médicos, tenho dúvidas.
— Sim — respondi —, eram marcas de quatro dedos e um polegar. Ela era a mulher estrangulada, Tom. Que Deus nos livre de ver algo assim novamente!
— Amém —disse Tom, e essas foram as últimas palavras que trocamos naquela noite.
De manhã, Tom, com sua missão concluída, foi para Londres e, logo depois, partiu para as fazendas de café de seu pai no Ceilão. Desde então, não mais o vi. Não sei se ele está vivo ou morto, mas de uma coisa tenho certeza: se estiver vivo, jamais se lembrará, sem um estremecimento, da nossa terrível noite na mal-assombrada granja de Goresthorpe.
Nota:
1Acredito no que toco.
Comentários
Postar um comentário