HORROR
EM RUBIM
(Eder
Duarte Lima – classificado no Concurso Literário
Bram Stoker de Contos de Terror)
Aconteceria naquela noite. Os sinos tocavam
para alertar os cidadãos do pequeno município situado no estado de Minas
Gerais. Tão pequeno como seu nome, Rubim. Ouviam-se muitas histórias a respeito
dos horrores que a cidade passou muitas décadas atrás. As histórias viraram
lenda. Naquela noite a lenda viraria o mais real e profundo terror. Um banho de
sangue, mutilações, gritos desesperados e inúteis. Morte.
As crianças da rua 15 foram as
primeiras vítimas. Três crianças. Quando soaram as badaladas dos sinos já era
tarde demais. A névoa chegou voraz. Os gritos alertavam: Não se trata de lenda.
Não existe lugar seguro. As trevas já estavam naquele lugar. Vampiros. Rápidos,
cruéis, sarcásticos, impiedosos. Uma carnificina selvagem.
A pequena Nancy teve sua cabeça
arrancada um pouco depois da mordida sedenta por sangue. Seu pequeno corpo
inerte serviu de banquete para os monstros famintos. A boneca de pano que Nancy
carregara nos braços ficou jogada no chão. Mal se percebia que era branca. O
sangue cobriu grande parte do humilde brinquedo.
Em seguida os pequenos gêmeos. Baltazar
e Juliete. O pequenino era valente. Colocou-se na frente da irmã, mas não
obteve sucesso. Foram retalhados em segundos. Depois de um breve e angustiante
silêncio ouviram-se as gargalhadas insanas. A névoa diminuiu sua intensidade
como se fizesse parte de um plano diabólico. Por entre as janelas as pessoas
viram seus algozes. Quatro criaturas da noite. Três homens e uma mulher.
Assassinos desprezíveis.
Começaram seu jogo psicológico. A
mulher vampiro segurava um dos pequenos braços de uma das crianças que tiveram
suas vidas roubadas. Quando acabou de sugar o último fluído de sangue do
membro, a criatura da noite deu um grito horripilante e estridente. Correu
velozmente em direção a uma casa e começou a bater o pequeno braço da criança
na parede.
Os outros três monstros assistiram a cena
com sorrisos deixando seus dentes afiados e pontiagudos à mostra, fazendo o
mais corajoso dos homens sentir um longo e angustiante calafrio. Depois saíram
caminhando e saltitando. O terror nos olhos das pessoas era sua diversão.
Dividiram-se. Cada um para um lado. Quatro vampiros. Quatro casas escolhidas e
atacadas. Janelas e portas facilmente despedaçadas. Gritos, pânico e uma
violência indescritível.
Curiosamente em alguns ataques não
houve a mesma morte coletiva. As criaturas saíram de algumas casas segurando
algumas pessoas. Homens e mulheres que se destacavam fisicamente. Propícios
para assumirem suas novas “vidas”. Fazer parte da “elite”. Aumentar o exército
de mortos vivos caminhado sobre a terra coberta por trevas.
Desta vez a “colheita” foi farta. Dois
homens e três mulheres. Colocados de joelhos de forma brutal em um ângulo que
os poucos sobreviventes pudessem assistir. Mais uma vez a mulher vampiro foi
pioneira em suas atitudes. Andou por trás de uma das mulheres que permanecia
imóvel. Curvou-se e tocou delicadamente os longos cabelos da vítima. Entrelaçou
os dedos por entre os fios, aproximou a boca do pescoço trêmulo e encravou os
dentes.
Seus companheiros foram menos
delicados. Mordiam de frente para que desse modo se deliciassem não apenas com
o sabor do sangue, mas também com o pavor nos olhos daqueles que em instantes
fariam parte do grupo.
Depois de caídos em seus pés os cinco
corpos começaram a se levantar. Seus rostos pálidos já anunciavam. Não eram
mais humanos.
A madrugada que parecia não ter fim
estava prestes a acabar. Além das montanhas já se percebia os primeiros raios
solares adentrando a cidade. Agora nove criaturas iriam embora. Como se
controlassem a névoa, esta vinha ao seu encontro, de baixo para cima. Cobrindo
lentamente. Deixando os olhos ainda famintos darem o seu sombrio e
aterrorizante “até breve”.
Eder Duarte Lima possui 17 anos no mercado comercial,
sendo 8 deles com atuação voltada para gestão de pessoas e vendas. Em 2013
formou-se em Gestão Tecnológica de Recursos Humanos. Em 2014 concluiu o curso
de MBA em Coaching. É autor do livro - O Coaching Para Resgatar e Dignificar a
Pessoa Idosa e criador do Canal no You Tube - Ídolos Coaches. Ama sua família e
os animais, em especial os cães. É um saudosista dos anos 80 e 90 e seus
brinquedos, desenhos, filmes e seriados únicos.
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