DO ALÉM-TÚMULO - Conto Clássico de Terror - José Juan Tablada

DO ALÉM-TÚMULO José Juan Tablada (1871 – 1945) Tradução de Paulo Soriano Ao longo das ruas, úmido e frio, arrastava-se um vento de inverno que açoitava o vidro dos lampiões e fazia ondular as chamas nos bicos de gás. O movimento havia cessado nas ruas, apenas cruzadas por escassos transeuntes ou por coches tardios, cujo rolar intermitente e fragoroso surgia, desvanecendo, depois, em silêncio. Naquela hora, à meia-noite, o sol do vício se levanta. É a hora febril da taverna, onde a vida do ébrio se arrasta com o pulsar precipitado de um coração de alcoólatra, e as visões se levantam de um cérebro nublado pelo vinho. O relógio daquela taverna marcava as doze, hora que acabava de soar com os suspiros das doze badaladas e o seco e preguiçoso estertor da corda que se estira. Uma dúzia de indivíduos repousava no interior: dois alemães, com o rubro bock de cerveja à frente, jogavam dados, recortando na escuridão os seus rostos vermelhos e congestionados de teutõ...