APARIÇÃO MORTAL - Narrativa Verídica de Horror - Anônimo do séc. XIX
APARIÇÃO
MORTAL
Anônimo
do sec. XIX
O
fato seguinte caso foi relatado pela Gazetta
dei Teatri de Milão, edição de 14 março de 1860.
Um
jovem amava perdidamente uma moça, que correspondia ao seu amor, e com a qual
iria se casar, quando, cedendo a uma tentação culposa, abandonou a sua noiva
por uma mulher indigna de um amor verdadeiro.
A
infeliz mulher implorou, chorou, mas tudo foi inútil: seu volúvel noivo permaneceu
surdo às suas súplicas.
Então,
desesperada, ela irrompeu na casa do amado e, na presença deste, morreu em
consequência de um veneno que acabara de ingerir. Ao ver o cadáver de quem causara
a morte, uma terrível reação nele se operou, e ele quis dar cabo à própria
vida.
No
entanto, ele sobreviveu. Sua consciência, contudo, sempre o censurou pelo crime
que cometera. Desde o momento fatal, e todos os dias, à hora do jantar, ele via
a porta da sala se abrir e aparecer-lhe a noiva sob a figura de um esqueleto
ameaçador. Em vão procurou divertir-se, mudar de hábitos, viajar, frequentar
companhias alegres, olvidar os relógios.
Mas, onde quer que fosse, na hora de sempre, o espectro fatalmente se
apresentava. Em pouco tempo definhou, e sua saúde se deteriorou a tal ponto que
os homens de ciência se desesperaram por salvá-lo.
Um
de seus amigos, médico, tendo-o estudado seriamente, depois de tentar
inutilmente vários tratamentos, teve a ideia de empregar os seguintes meios. Na
esperança de demonstrar ao amigo que este era mero ludíbrio de uma ilusão, conseguiu
para si um esqueleto de verdade, que colocou num recinto contíguo. Depois,
havendo convidado seu amigo para jantar, ao cabo das quatro horas, que era a
hora da visão, fez chegar o esqueleto por meio de polias a tal fim dispostas. O
médico acreditou que triunfara, mas seu desafortunado amigo, tomado de um súbito
terror, exclamou:
— Ai!
Não era, pois, suficiente um só esqueleto? Eis que, agora, são dois os que me
atormentam!
Então
caiu morto, como que fulminado por um raio.
Versão em português de
Paulo Soriano.
Fonte: “Revue Spirite
- Journal d'Etudes Psychologiques”,
edição de maio de 1860.
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