AS MOEDAS ROUBADAS - Conto Clássico de Terror - Irmãos Grimm
AS
MOEDAS ROUBADAS
Irmãos
Grimm
(Jacob
Grimm [1785 – 1863] e Wilhelm Grimm[1786
– 1859])
Um
homem, sua esposa e filhos almoçavam quando chegou um bom amigo, que foi
convidado a sentar à mesa. Quando bateram as doze horas, o hóspede viu abrir-se
a porta e por ela entrar um menininho muito pálido e vestido de um branco
niveal. A criança, sem olhar para os presentes, e sem dirigir-lhes palavra,
encaminhou-se para um quarto vizinho. Pouco tempo depois, o menino saiu do
aposento tão silenciosamente quanto havia entrado. No segundo e no terceiro dia,
repetiu-se a mesma coisa. Então o hóspede, intrigado com aquela cena, perguntou ao dono da casa quem era aquela
criança que sempre entrava na sala quando dava o meio-dia.
– Não vi nada –
respondeu o homem –, e tampouco sei quem
é.
Quando
o menino voltou a entrar no dia seguinte, o hóspede indicou-o ao anfitrião, mas
ele nada viu, assim como a mulher e os filhos. Então o homem levantou-se,
chegou-se à porta e, entreabrindo-a, olhou para dentro. Viu o menino sentado no
chão, esquadrinhando febrilmente com os dedos entre as frestas do assoalho.
Mas, ao ver que o estranho o fitava, desapareceu.
Então
o hóspede contou o que acabara de presenciar, descrevendo o menino com toda exatidão.
A mãe logo reconheceu a criança, exclamando:
–
Ah, é o meu querido filho, que morreu há quatro semanas!
Levantaram
as tábuas do assoalho e, sob ele, acharam duas moedas. Estas foram entregues
pela mãe ao menino para que as desse a um mendigo. Mas ele pensou: “Vou comprar
um biscoito”, e escondeu as moedas numa das fendas do assoalho. Por isto, a
criança não encontrava paz em seu túmulo e, a cada meio-dia, voltava para casa
em busca das moedas.
Os
pais deram a moeda a um homem pobre e, desde então, o menino nunca mais voltou
a ser visto.
Versão em português
(tradução indireta): Paulo Soriano.
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