MEU ENCONTRO COM O ANJO DA MORTE - Narrativa Verídica Sobrenatural - Rogério Silvério de Farias



MEU ENCONTRO COM O ANJO DA MORTE
Rogério Silvério de Farias

Por duas vezes eu o vi, e o horror me gelou o corpo e a alma. Como uma água gélida derramada em minha coluna, o medo deslizou até alcançar a nuca e eriçar-me a cabeleira. O Anjo da Morte não tinha rosto de caveira; no lugar do rosto era uma escuridão, mas a mortalha negra, ele a vestia sim, com capuz e tudo. Não vi a foice ou gadanha do célebre Ceifador...

Eu estivera com febre e gripe forte a noite toda, e, por alguma razão, achei que ia morrer. Lá pelas três da madrugada, a febre ia alta mas eu tomara remédios e senti que poderia melhorar. Eu deixara a porta do quarto aberta como de costume (sempre tive esse costume), e vi quando ele, primeiro como uma fumaça negra rodopiante, surgia do alto do teto até se metamorfosear-se na célebre figura do Ceifador.

Fiquei paralisado no leito, de medo, mas era um medo estranho, como se eu estivesse perante algo que tinha um poder sombrio fora do comum, uma força negra nascida das trevas do inferno. Aproximou-se de mim, cheio de macabra e lúgubre imponência. Rodeou meu leito. No instante exato quando eu já me borrava de medo, o vulto girou nos calcanhares e voltou à cozinha, se transformando em fumaça negra rodopiante e sumindo no mesmo ponto do teto onde aparecera...

Só consegui dormir direito quando os primeiros raios da aurora banhavam a casa lúgubre onde eu residia...

Depois, mais tarde, acordei melhor. Teria sido a febre que me alucinara? Não creio. Eu mantivera-me lúcido e os remédios já tinham me aliviado o terrível resfriado que pegara nas noites de invernia do Sul...

Desde então, nunca mais dormi com a porta do quarto aberta...

Por duas vezes tive febre alta por causa da gripe e resfriado, no passado, quando mais jovem. E nesses instantes febris, eu o vi, o temível, o terrível, o abominável e execrando Anjo da Morte, o Ceifador...


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