LUÍS XI E O ADIVINHO - Conto Clássico Sobrenatural - Ramón de Mesonero Romanos
LUÍS
XI E O ADIVINHO
Ramón
de Mesonero Romanos
(1803
- 1882)
—
Dentro de oito dias — disse um astrólogo a Luís XI —, vossa amada deixará de
existir.
Oito
dias depois, a dama descia ao sepulcro. Grandes foram os sofrimentos e a ira do
monarca francês.
—
Já que adivinhas o que está por vir — disse o rei ao astrólogo —, exijo que me
digas, agora, se te resta muito tempo de vida.
Saibam
que o rei havia dado ordens secretas de que, a um sinal seu, fosse o pobre
astrólogo arremessado da mais alta janela do castelo de Plesis-les-Tours.
Quer
porque o adivinho soubesse de sua triste sorte, quer porque o aspecto diabólico
do rei o fizesse pressentir a catástrofe, respondeu ao rei com serenidade:
—
Senhor, o que posso dizer a Vossa Majestade é que a minha morte precederá três
dias à sua.
Esta
resposta caiu como um raio sobre o supersticioso monarca, que não apenas evitou
dar o sinal convencionado para o salto perigoso do adivinho, como, daí em
diante, passou a cuidar do astrólogo com particular interesse e redobradas
atenções.
Tradução
de Paulo Soriano.
Fonte:
“Semanário Pintoresco” (Madri/ES), edição de 5 de maio de 1836, n. 10.
Imagem:
Jacob de Litemont (séc. XV)
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