O DEMÔNIO ABRAEL - Conto Clássico de Terror - Nicolas Rémy e Collin de Plancy
Nicolas Rémy(1530 – 1616) e Collin de Plancy (1794 – 1881)
Abrael
é um demônio súcubo cuja aventura é esta:
“No
ano de 1531, na aldeia de Dalhem sobre o Mosa, um pastor, chamado Pierront, que,
sendo casado, tinha um menininho com a sua mulher, apaixonou-se perdidamente
por uma donzela de sua aldeia.
Um
dia, no campo, enquanto pensava naquela donzela, o demônio apareceu-lhe sob a
figura da jovem cobiçada.
Tendo
Pierront declarado o seu amor a quem pensava ser a donzela, a aparição lhe
prometeu corresponder às suas ternuras,
com a condição de que se entregaria a ela e lhe obedeceria em tudo.
Pierront
consentiu, consumando o seu abominável amor com aquele espectro.
Algum
tempo depois, Abrael pediu ao pastor, como prova de seu amor pela donzela, cuja
fisionomia encarnava, que sacrificasse seu filho único em sua homenagem. A tanto,
deu-lhe uma maçã para que o menino comesse. Este, apenas ao prová-la, caiu imediatamente
morto. O pai e a mãe, vendo o lamentável acontecimento, caíram em desespero,
chorando inconsolavelmente.
Abrael
apareceu novamente ao pastor e lhe prometeu restituir o filho à vida, se o pai
quisesse pedir-lhe esta graça, prestando-lhe culto de adoração que somente é devido a Deus.
O
camponês ajoelhou-se e adorou Abrael. Imediatamente, o menino reviveu, abrindo
os olhos. Por conta de fricções corporais, que o aqueceram, o garoto voltou a
falar e a andar. Parecia o mesmo de antes, embora mais magro e abatido; tinha
os olhos inexpressivos e afundados nas órbitas e os seus movimentos estavam mais
lentos e pesados.
Ao
cabo de um ano, o demônio, que animava o garotinho, abandonou-lhe o corpo com
um grande estrépito. O menino caiu de costas, e o seu corpo infecto, que
exalava um odor insuportável, foi arrastado por um gancho para fora da casa de
seu pai e enterrado no campo sem cerimônia alguma.”
Versão em
português: Paulo Soriano.
Fonte: Collin de
Plancy, Dictionnaire Infernal.
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