PROIBIDO PISAR NA GRAMA - Conto de ficção científica e horror - Carlos Enrique Saldívar
PROIBIDO PISAR
NA GRAMA
Carlos Enrique Saldívar
Tradução de Paulo Soriano
Paul
e Mario caminhavam por uma concorrida e aprazível região do distrito de San
Borja. Atravessaram a pista e percorreram uma longa vereda contígua a um amplo
espaço gramado, onde cresciam prímulas, azaleias e rododendros. Num dos cantos
se achava uma pequena (ainda visível) tabuleta, que dizia:
“PROBIDO
PISAR NA GRAMA. PENALIDADE GRAVE.”
Ambos
a leram e seguiram o seu caminho. Mario disse a seu companheiro:
—Sabia
que eu já estou farto de que nos limitem a liberdade? Desde que este presidente
tomou posse, não podemos fazer coisas tão singelas como pisar sobre as plantas
de alguns distritos. — O jovem olhou para os lados. Não havia nenhum guarda
municipal por ali.
—
Eu o aconselho a não pisar na grama — disse Paul.
—
Por que não? Sim, claro, as câmeras estão filmando e, se eu pisar sobre a grama,
soará algum alarme e virão em meu encalço. Mas eu não ligo. Eu sou mais
inteligente que as autoridades: vou entrar, pisotear o gramado e fugir
correndo. Não fique com receio: a responsabilidade será inteiramente minha. Se
me pegarem, pagarei a minha multa.
—
Como queira; a responsabilidade será apenas sua. — Paul meteu as mãos nos
bolsos e se pôs a assoviar. Pensou em dizer algo mais, mas resolveu calar-se.
Mario
penetrou na área proibida e avançou alguns passos. Sentiu-se contente e livre;
pulou e gargalhou. Nesse preciso instante, surgiu de um dos flancos um ser
cilíndrico feito de aço. Era grande; sua cabeça cúbica se abriu, exibindo quatro
pinças que antes pareciam dentes aguçados de um tubarão gigantesco. O ente bestial capturou o transgressor pelo
pescoço, descendo pelo torso e pelo abdome, até engolir-lhe o corpo inteiramente.
Depois, o monstro metálico se ocultou novamente no mesmo lugar de onde havia saído.
—
Eu lhe disse para não pisar na grama — disse Paul e continuou andando, enquanto
assoviava.
É um ensaio interessante. Lembra o estilo de Asimov.
ResponderExcluirDireto, objetivo, as vezes as lições são fatais...
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