O CADÁVER DA EXCOMUNGADA - Narrativa Clássica Sobrenatural - Martin Crusius
O
CADÁVER DA EXCOMUNGADA
Martin Crusius
(1534 – 1607)
Na
corte de Maomé II, sábios conhecedores da literatura grega e árabe, que haviam
investigado uma variedade de aspectos relacionados à fé cristã, disseram ao sultão
de Constantinopla que os corpos das pessoas excomungadas pelo clero grego não
se decompunham. Perguntado pelo sultão se o efeito da absolvição era a
dissolução dos cadáveres, os sábios disseram que sim.
Tendo
ouvido isto, o sultão encaminhou a Máximo, então patriarca de Constantinopla, a
ordem de que apresentasse um caso pelo qual a verdade da declaração dos sábios
pudesse ser comprovada.
Com
grande apreensão, o patriarca convocou seu clero e, após longa discussão, a
comissão focou-se numa mulher que havia sido excomungada pelo Patriarca
anterior, em razão do cometimento de graves pecados.
Assim,
eles descobriram o paradeiro de seu túmulo e, quando o abriram, viram que o
cadáver estava íntegro, mas inchado como um tambor.
Tendo
a notícia chegado ao seu conhecimento, o sultão despachou alguns de seus
oficiais para se apoderarem do corpo. Feito isto, depositaram o cadáver em um
lugar seguro.
Em
um determinado dia, presente o corpo, o patriarca celebrou as cerimônias
litúrgicas, recitando a absolvição da defunta perante os oficiais otomanos. Enquanto
a absolvição era pronunciada — é maravilhoso relatá-lo! —, ouviu-se o barulho
dos ossos se desfazendo no caixão, ao mesmo tempo que a alma da mulher se
libertava do castigo a que havia sido condenada.
Os
cortesãos correram imediatamente à presença do sultão, informando-o do
prodígio. Surpreso com o milagre, o soberano exclamou:
— Com certeza, a religião cristã é verdadeira.
Versão em português de Paulo Soriano a partir da
tradução ao inglês de Dudley Wright (1868 – 1949).
Fonte: Vampires and Vampirism, de Dudley
Wright.
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