O SONHO DE JOSEPH WILKINS - Narrativa Clássica Sobrenatural - Catherine Crowe

 


O SONHO DE JOSEPH WILKINS

Catherine Crowe

(1803 – 1876)

Tradução de Paulo Soriano

 

Joseph Wilkins, um clérigo dissidente da Igreja da Inglaterra, conta que, certa noite, ao dormir, sonhou que estava viajando para Londres, e que, como Gloucestershire estava no itinerário, resolveu visitar a casa de seus pais.

Encontrando a porta da frente fechada, deu a volta por trás e entrou pelos fundos.

A família, entretanto, já havia se retirado para dormir. Ele subiu as escadas e entrou no quarto de seu pai, a quem encontrou dormindo. Mas a sua mãe estava acordada. Dirigindo-se a ela, disse-lhe:

— Mãe, vou fazer uma longa viagem, e vim para me despedir-me da senhora.

Ela, então, respondeu:

— Oh, meu filho querido, você está morto!

Embora impressionado com a nitidez do sonho, o Sr. Wilkins não deu importância a ele, até que, para sua surpresa, chegou uma carta de seu pai — dirigida a ele mesmo, se vivo, ou, se não, a seus amigos sobreviventes —,  suplicando uma resposta imediata, pois  estava profundamente temeroso de que seu filho estivesse morto, ou em perigo de morte.

Dizia a carta que em tal noite (e indicava aquela em que o sonho acima havia ocorrido), estando ele — o pai —a dormir, mas a Sra. Wilkins acordada, esta havia ouvido, claramente, alguém tentar abrir a porta da frente,  seguindo, então, rapidamente, para os fundos, por onde entrou na casa. Ela havia reconhecido perfeitamente os passos de seu filho, que subiu as escadas e entrou no quarto, dizendo-lhe:

— Mãe, vou fazer uma longa viagem, e vim despedir-me da senhora.

Ao que ela respondeu:

— Oh, filho querido, você está morto!

Muito alarmada, ela acordou marido e contou o que acontecera, assegurando-lhe que não fora um sonho, pois ela não havia adormecido.

O Sr. Wilkins menciona que esta curiosa circunstância ocorreu no ano de 1754, quando morava em Ottery; e que ele, frequentemente, conversava sobre o assunto com a sua mãe, em quem o sucedido deixara impressões mais profundas do que nele mesmo.  Mas não lhe sobreveio a morte, nem qualquer outra coisa de extraordinária lhe aconteceu.  


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