VIZINHOS - Conto de Terror - Rodrigo Picon
VIZINHOS
Rodrigo Picon
Janeiro.
Férias. Verão. Daniel e Manu aproveitaram que o irmão do rapaz morava com a
esposa a pouco mais de cem metros da praia e se mudaram para o apartamento do
casal para passarem as férias.
Chegaram no apartamento do casal, despejaram as malas,
mudaram de roupa e correram para a praia, aproveitar o Sol forte. Foram, deram
um “tchibum” na água deliciosamente gelada e se sentam na areia, apreciando o
mar e o céu azuis.
Na hora do almoço, retornam para a residência de Breno,
irmão de Daniel. Entraram no apartamento e subiram as escadas que davam para o
terceiro andar. Ao chegarem no vão frontal à porta de entrada do apartamento de
Breno, perceberam algo diferente na porta do apartamento adjacente, entreaberta.
Esta se encontrava enfeitada com inúmeros ornamentos infantis. Tinha um palhaço
de pelúcia na maçaneta, vários balões desenhados porta afora e um escrito “Seja
bem-vindo” em letras coloridas.
— Deve ter alguma criança nessa casa! — disse Daniel. Manu
concordou com a cabeça.
Adentraram no apartamento. Enquanto retiravam os calçados de
rua e calçavam chinelos limpos, Daniel perguntou à sua cunhada:
— Laura, quem são os vizinhos de você aqui do lado?
Laura se surpreende. “Não temos vizinhos nenhum aqui do
lado, Daniel. Por quê?”
Daniel projetou-se para responder. Contudo, um som de
furadeira inundou o apartamento, vindo de uma das paredes. “Acho que não
mais!”, respondeu, apenas.
Era noite. Manu estava em uma pequena lavanderia. Lavava à
mão algumas mudas de roupa no tanque, que ficava entre as paredes laterais da
lavanderia e de frente à janela. Lavava distraidamente enquanto ouvia música
baixo no seu celular. A cozinha, adjacente, estava inundava na escuridão e
silêncio que reinava dentro do apartamento.
Repentinamente, Daniel se aproxima de Manu por trás,
abraçando-a. Completamente distraída e alheia, a garota se sobressalta. Solta um
grito, que ela própria abafa com a boca.
—Puta que pariu, Dani. Quer me matar do coração? — perguntou
uma ainda assustada Manu.
Daniel ri. “Desculpa”. Abraça-a mais forte. “Vai demorar
aí?”, pergunta.
— Já estou acabando.
O rapaz vira a moça em sua direção. Dá-lhe um selinho e diz,
com a boca ainda próxima da namorada: “vamos para a cama”.
— Deixa eu só terminar aqui... – respondeu. Em seguida, se
beijaram.
Porém, durante o beijo, Daniel sente uma sensação estranha.
Subitamente, abre os olhos. Sobressalta-se, cessando o beijo. Manu para e,
estranhando a ação do namorado, fita seu rosto. Percebe-o olhando fixamente,
assustado, para a frente. Vira de costas. Igualmente fica assustada.
De frente para a janela da lavanderia, do outro lado de uma
grande vão entre os blocos dos apartamentos, havia outra janela com grades, de
mesmo tamanho. Lá, havia uma pessoa vestida de palhaço, nada amigável, a
fitando.
O casal paralisou durante alguns segundos. Continuava
fitando o estranho palhaço, que parecia não se incomodar em ter sido
descoberto. Daniel, tentando acalmar a situação, levanta a mão direita com
receio e cumprimenta o palhaço, gaguejando as palavras. Este, entretanto,
apenas dá as costas e sai do local.
— Que bizarro! — soltou um Daniel, nos braços de Manu.
No dia seguinte, Breno havia saído cedo para trabalhar e
Laura arrumava o seu café da manhã para sair também. Daniel ainda dormia na
cama e Manu já havia se levantado. Chegou à janela do quarto para tomar um ar
fresco. Respirou fundo e sentiu agradecida por ter mais um dia ensolarado pela
frente.
“Deixa eu me preocupar com minha praia”, disse, para si
mesma.
De canto de olho, Manu percebeu algo à sua esquerda.
Rapidamente, virou o rosto. Assustou-se. Da janela adjacente à sua, havia outro
assustador palhaço a fitando. Este era diferente do primeiro, mas não menos
assustador. E pior, com um bizarro sorriso doentio na fantasia.
Completamente assustada, Manu recua o corpo. Respira fundo e
leva a mão ao peito, tentando acalmá-lo. Percebeu barulho no interior da
residência. Caminhou em direção à saída do quarto. Abriu a porta, desembocou no
pequeno cômodo à frente, virou à esquerda e adentrou na cozinha. Lá estava
Laura mexendo na cafeteira.
— Acordou cedo, Manu.
— É... está bastante Sol para ficar na cama até tarde —
disse a garota, em uma voz sem vida.
Laura logo percebeu. Virou o rosto para Manu e a percebeu
pálida:
—Está tudo bem?
— Foi só um susto dos grandes.
— O que aconteceu?
Manu contou para Laura os dois estranhos episódios
envolvendo os novos vizinhos. A garota respirou fundo. “Eu vou conversar com o
síndico hoje à noite sobre estes novos vizinhos”, disse. “Acorda o Daniel.
Aproveitem o dia e vão para a praia. Bom que você esquece esses episódios”.
E, assim, Manu o fez. Acordou o namorado, fez café da manhã
para eles e, quando
Laura saía para o trabalho, saíram com ela em direção à praia. Só voltariam no
final do dia, quando já não mais havia Sol para aproveitar a praia.
À noite, Manu já havia até esquecido os episódios de mais
cedo. Subia as escadas rindo junto de Daniel. O local era encharcado pelas
gargalhadas do casal. Porém, tudo ficou no mais absoluto silêncio no último
lance de escadas. Ao adentrar no local, Manu para completamente, fitando o vão
frontal à porta do apartamento. Daniel, em seguida, fez os mesmos. Os dois
palhaços estavam parados, lado a lado, em frente à porta de seu apartamento.
O casal engoliu em seco. Daniel deu a mão à namorada. Sem
deixar de fitar os palhaços, subiram as escadas lentamente. Sob as vistas
incessantes dos palhaços, o casal termina o lance das escadas, ultrapassa e
cumprimenta os vizinhos e chega até à frente do apartamento, batem na porta e
entram.
Tão logo Laura abriu a porta do apartamento, Daniel e Manu
adentraram e a fecharam. Em seguida, aliviaram-se.
— O que aconteceu? — perguntou Breno, sentado no sofá da
sala.
— Esses malditos palhaços. Estavam aqui na porta.
—De novo, eles? — perguntou Laura. Respirou fundo. —Venha.
Eu vou fazer um café para nós.
“Eu vou acabar enfartando assim”, disse Manu, novamente com
a mão no peito.
Laura saiu do interior da sala e caminhou em direção à
cozinha. Breno continuou sentado no sofá. Virou para seu irmão e cunhada e os
chamou para sentar. Estava assistindo a um filme qualquer em uma rede de streaming e deu pausa no filme.
Daniel e Manu se sentaram.
— A gente vai conversar com o síndico para ver o que está
acontecendo – disse Breno, tentando acalmar o casal assustado. Ambos
concordaram com a cabeça, ainda trêmulos de tanto medo.
Minutos depois, Laura chegou do interior da residência
carregando consigo uma garrafa térmica e uma bandeja com pães de queijo.
— Pessoal, vem comer alguma coisa. Já estava assando uns
pães de queijo para quando vocês chegassem. Eles estão quentinhos. Aproveitei e
passei um café.
—Ah, obrigado – disse Daniel. Levantou-se do sofá, seguido
de Manu, e caminhou até a mesa lateral. Sentou-se em uma cadeira e postou-se a
tomar café e comer pão de queijo. Manu o seguiu.
— Mineiro pode ir para o Espírito Santo ou para Manaus, mas
continua mineiro? — brincou Daniel. Laura riu, enquanto se sentava junto dos
cunhados.
Repentinamente, inunda todo o ambiente um barulho de
furadeira oriundo da parede adjacente ao apartamento vizinho. O estrondo era
insuportável, pois ecoava por toda a residência de Breno e Laura. Junto deste,
sons grotescos de risada.
Daniel e Manu congelaram. Seus corpos tremiam violentamente.
Breno achou estranho o barulho. Olhou para sua esposa. Esta deu de ombros.
Segundos depois, o silêncio voltou a reinar no local.
— O que será que está acontecendo? – perguntou Breno. Ficou
de pé e fitava a parede.
— Não sei – disse Laura. Estava levemente preocupada. Ao
contrário desta, Daniel e Manu continuavam tremendo de medo.
Dois segundos depois, alguém bateu na porta.
Daniel e Manu estavam completamente desesperados. Suas
respirações estavam ofegantes e o suor inundava seus rostos, a ponto de embaçar
os óculos do rapaz. Estavam em um pequeno e apertado banheiro, que possuía
apenas um vaso sanitário e uma pia. À esquerda, uma janela basculante e,
perpendicular a esta, a porta de entrada. Não havia luz alguma, somente um
pequeno feixe de luz oriundo do basculante.
Daniel estava com telefone em punhos e Manu segurava firme
seu namorado. Alguém atendeu do outro lado da linha. Era uma senhora de
sessenta e poucos anos, que estava em casa, tranquila. Assustou-se ao ver
Daniel e Manu com semblantes desesperados, em local completamente escuro, do
outro lado da chamada de vídeo.
“Daniel? O que aconteceu?”
“Socorro, mãe. Liga pra Polícia, por favor. Eu não estou
conseguindo. Telefone não está funcionando. Só internet. Manda eles virem aqui.
Por favor. Por favor. Ajuda a gente”, disse o rapaz, rápida e atropeladamente;
porém, com tom de voz baixo.
“Daniel, o que aconteceu?”. Claramente, a mãe se desesperou.
“Eles vão achar a gente. Por favor, chama a polí...”,
repentinamente, a mãe de Daniel ouve um estrondo. Daniel e Manu olham para trás
e gritam. O rapaz solta o celular, que vai ao chão. A sua mãe percebe dois
vultos adentrando no local e passando próximo ao aparelho caído.
“Daniel, Daniel?”, perguntava desesperada. “Para, para,
para. Por favor. Não, não, NÃO!!! SOCORRO! PARA, PARA, PARA!!!”, gritava
desesperadamente o rapaz, em prantos. Em seguida, completo silêncio. A mãe de
Daniel pôde ouvir passos de coturno passando firmes adjacente ao celular caído.
Em seguida, o som parou. O celular se levantou do chão e parou em frente ao
rosto. A senhora congelou do outro lado da linha. Fitava um assustador rosto de
palhaço, com um nefasto sorriso desenhado. Logo após, a ligação caiu.
A mãe de Daniel ligou para a polícia, que compareceu ao
local cerca de oito minutos depois. Chegaram rapidamente ao andar do
apartamento de Breno. Havia duas portas. Uma estava aberta e a outra fechada.
Perceberam que o apartamento alvo da ação era o que estava com a porta fechada.
Tentaram abri-la. Trancada. Estranharam. Porém, logo após, puseram-na abaixo.
Lá dentro, assustaram-se. Havia quatro cadáveres
dependurados pelo pescoço, enforcados, no teto. Estavam completamente vestidos
com fantasias de palhaço, da cabeça aos pés. Os rostos estavam pintados com um
sorriso feliz sobre os lábios roxos — embora os olhos vítreos demonstrassem
claramente a ausência de vida e sentimento dentro dos corpos. Sangue pintava
parte das vestimentas.
Rapidamente, um ou dois policiais foram na residência
vizinha tentar descobrir alguma resposta ou testemunha para o caso. A
residência estava completamente vazia, de pessoas e móveis.
A Polícia Militar passou para a Polícia Civil para resolver
o caso dos dois casais mortos vestidos de palhaço. Passados dois anos, ninguém
conseguiu achar algum suspeito. O caso foi encerrado.
mano se loco
ResponderExcluirmaaano
ResponderExcluirshorei
ResponderExcluirque medo!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
ResponderExcluirQue medo!
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