A APARIÇÃO - Narrativa Clássica Sobrenatural - Robert Dale Owen
A APARIÇÃO
Robert Dale Owen
(1801 – 1870)
Tradução de Paulo Soriano
No
ano de 1785, Sir John Sherbroke e o General George Wynyard, eram jovens oficiais
— o primeiro capitão e o segundo tenente — no mesmo regimento, nomeadamente o
de nº 33, então comandado pelo Tenente-Coronel Forke. Estava estacionado em Sidney,
na ilha de Cape Breton, ao largo da Nova Escócia.
No
dia 15 de outubro daquele ano, entre oito e nove horas da noite, esses dois militares
permaneciam sentados diante da lareira, na sala de Wynyard. Era um cômodo novo,
que havia sido erguido no verão anterior, e tinha duas portas: uma que se abria
para uma passagem externa e a outra que dava o quarto daquele oficial. De tal
cômodo, não havia saída, a não ser retornando pela sala.
Sherbroke,
olhando para cima, viu, ao lado da porta, que se abriu com a súbita passagem, a
figura de um jovem alto, aparentemente com cerca de vinte anos de idade, mas
pálido e muito emaciado.
Espantado
com a presença de um estranho, Sherbroke chamou a atenção de seu colega oficial
— que estava sentado perto ele —, ao estranho visitante.
—
Já ouvi falar — disse Sherbroke, relatando o incidente — de um homem pálido
como a morte; mas nunca vi um rosto vivo assumir a aparência de um cadáver,
exceto o de Wynyard naquele momento.
Ambos
permaneceram a contemplar silenciosamente a figura, enquanto o espectro passava
lentamente pela sala e entrava no quarto, lançando sobre o jovem Wynyard, ao
passar, um olhar — como pensou o amigo — de melancólica afeição. A opressão de
sua presença foi comovente, e Wynyard, agarrando o braço de seu amigo, exclamou,
num esforço pouco articulado:
—
Grande Deus! É o meu amigo!
—
Amigo! O que você quer dizer? — disse Sherbrock. — Deve haver algum engano nisto!
Sherbrock
seguiu imediatamente para o quarto, seguido por Wynyard. Não havia ninguém ali!
Procuraram em cada parte, e se
convenceram de que o cômodo estava totalmente desocupado.
Um
oficial, tenente Ralph Gore, chegando logo depois, juntou-se às buscas, mas
igualmente sem sucesso. Wynyard persistiu em declarar que tinha visto o
espírito do amigo; mas, por um tempo, Sherbroke inclinou-se à crença de que
eles poderiam ter sido, de uma forma ou de outra, iludidos, possivelmente por
um truque de algum confrade oficial. No entanto, por sugestão do Tenente Gore,
no dia seguinte, o capitão Sherbroke fez um memorando do ocorrido; e todos
esperaram com o maior ansiedade por cartas da Inglaterra.
Essa
ansiedade, finalmente, se tornou tão visível da parte de Wynyard, que seus colegas
oficiais — apesar da resolução do tenente em conservar o silêncio —, finalmente
dele obtiveram a narrativa do que ele tinha visto.
A
história logo foi divulgada no exterior e produziu grande excitação em todo o
regimento.
Quando
chegou o navio com as cartas esperadas, nenhuma delas era destinada a Wynyard.
Havia, contudo, uma carta para Sherbroke. Assim que o oficial abriu, chamou
Wynyard à sala. A expectativa estava em seu clímax, especialmente porque os
dois amigos permaneceram silenciosos por um hora. Com Sherbroke, o mistério foi
resolvido. Era uma carta de um oficial, implorando-lhe a levar a seu amigo
Wynyard a notícia da morte de seu confrade favorito, irmão de armas, que havia
expirado em 15 de outubro. Morrera na mesma hora em que os amigos viram a aparição
na sala de Wynyard.
Esses contos possuem direitos autorais?
ResponderExcluirEste conto está no domínio público, Brian, já que o seu autor faleceu há mais de 70 anos.
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