A DATA DA MORTE DO CAPITÃO WHEATCROFT - Narrativa Clássica Verídica Sobrenatural - Robert Dale Owen
A DATA DA MORTE
DO CAPITÃO WHEATCROFT
Robert Dale Owen
(1801 – 1870)
Tradução de Paulo Soriano
Na
noite entre 14 e 15 de novembro de 1857, a esposa do capitão G. Wheatcroft,
residente em Cambridge, sonhou com o seu marido, que, então, estava na Índia. Acordou
imediatamente e, olhando para cima, viu o marido parado ao lado de sua cama. O
esposo apareceu de uniforme e tinha as mãos apertadas no peito, o cabelo
desgrenhado e o rosto muito pálido. Seus grandes olhos escuros, que exprimiam
uma grande excitação, permaneciam fixos na senhora. Notava-se uma peculiar
contração em seus lábios, que lhe era habitual nos momentos de angústia. A
mulher o via — até mesmo em cada detalhe de sua indumentária — tão claramente quanto
o vira em toda a sua vida. A figura parecia inclinar-se para a frente, como se perpassado
pela dor. Esforçava-se em falar, mas não emitia um sonido sequer. Permaneceu visível — acreditava a esposa —
por um minuto; depois, desapareceu.
A
senhora não voltou a dormir naquela noite. Na manhã seguinte, participou, à
mãe, o acontecido, expressando sua crença de que o capitão W. havia sido morto
ou ferido.
Posteriormente,
chegou-lhe um telegrama, informando que o capitão W. morrera, perto de Lucknow,
Índia, em 15 de novembro. A viúva informou o sucedido ao Sr. Wilkinson, advogado
do capitão. Disse-lhe que já estava preparada, de antemão, para a notícia fatal;
tinha, todavia, a certeza de que havia um erro de um dia na data da morte do
marido. O Sr. Wilkinson, então, obteve um certificado do Ministério da Guerra, com
o seguinte teor:
"Escritório
de Guerra, 30 de janeiro de 1858.
"Certifico
que, pelo que consta dos registros deste Escritório, que o capitão G.
Wheatcroft, da 6ª Dragoon Guards, foi morto em ação em 15 de novembro de
1857.
(Assinado)
"B. HAWES."
Um
notável incidente aconteceu subsequentemente. O Sr. Wilkinson visitou um amigo,
em Londres, cuja esposa, durante toda a sua vida, percebia a presença de aparições.
Era, este amigo, igualmente médium. O
advogado relatou ao casal a visão da viúva do capitão e descreveu-lhes a aparição.
Então, a Sra. N., imediatamente, disse-lhe:
—
Essa deve ser a mesma pessoa que eu vi na noite em que conversávamos sobre a
Índia.
Em
resposta às perguntas do Sr. Wilkinson, senhora disse que recebera uma
comunicação mediúnica do capitão, por meio de seu marido. Dissera o militar que
morrera na Índia, naquela tarde, em razão de um ferimento no peito. Eram cerca
de nove horas da noite. A mulher, todavia, não se lembrava da data do
acontecimento.
Entretanto,
após uma investigação mais aprofundada, ela recordou-se de que, por solicitação
de um comerciante, pagara uma conta na noite do incidente. Ao levar o recibo ao
exame do Sr. Wilkinson, este verificou que o documento trazia a data de 14 de
novembro.
Em
março de 1858, a família do capitão Wheatcroft recebeu uma carta do capitão G. C.,
vinda de Lucknow. Era datada de 19 de dezembro de 1857. Na missiva, o capitão
narrava que estava próximo ao capitão W. quando este morreu, e que tal fato se
deu no dia 14, à tarde, e não no dia 15, como relatado nos despachos de Sir
Colin Campbell. O amigo fora atingido
por um fragmento de projétil no peito. Fora, ademais, sepultado em Dilkoosha.
Numa cruz de madeira, sobre o seu sepulcro, estavam gravadas as iniciais G. W.
e a data de sua morte, 14 de novembro.
O
Ministério da Guerra corrigiu o seu erro. O Sr. Wilkinson obteve outra via da
certidão em abril de 1859, com o mesmo teor, mas com a substituição do dia 15
pelo dia 14 de novembro.
Fonte: Miracles and
Modern Spiritualism, por Alfred Russel Wallace, George Redway, Londres, 1896.
Comentários
Postar um comentário