A MALDIÇÃO DA SACERDOTIZA DE AMON-RÁ - Narrativa Clássica Sobrenatutral - G. St. Russell
A
MALDIÇÃO DA SACERDOTIZA DE AMON-RÁ
G. St. Russell
(Séc. XX)
Tradução de
autor desconhecido do início do séc. XX
A maldição que teria se seguido à
descoberta da tumba de Tutancâmon, em 1923, pela equipe liderada pelo
arqueólogo Howard Carter, é bem difundida. Este, porém, não foi o primeiro caso
de avassalador infortúnio e morticínio a vitimar os que ousaram perturbar o
sono de uma múmia do antigo Egito. Em outubro de 1909, a revista “A Leitura
para Todos” trouxe a lume a tradução de um artigo de autoria de G. St. Russel,
originariamente publicado no “Pearson’s Magazine” (edição inglesa de agosto de
1909), na qual ficamos conhecendo a maldição associada a uma enigmática
sacerdotisa de Amon-Rá, cujo sarcófago se encontra em exibição no British
Museum desde 1889.
Há três mil anos
que se não vê uma história de fantasmas como esta, cuja maléfica influência
perseguiu um caixão de múmia que agora está no British Museum, em Londres. Eu o
vi.
Num dos cantos
da segunda sala egípcia no British Museum, está depositado o sarcófago de uma
múmia de uma egípcia desconhecida, que viveu em Tebas, há trinta e cinco
séculos. Tem as longas mãos cruzadas no peito, e os seus grandes olhos negros
fixam-se de uma maneira esquisita.
Vê-se que o
invólucro da múmia é um fino espécime artístico da décima oitava dinastia, mas,
como está encostada a uma das paredes da sala, no meio de outras, não chama a
atenção dos visitantes.
Sua história,
porém, é terrível, talvez a mais extraordinária história de espectro que
existe. Cerca de 1600 anos antes de Cristo, uma sacerdotisa do Templo de
Amon-Rá viveu e morreu na poderosa cidade de Tebas. É possível que pertencesse
à família real. Aparece como tendo pertencido à alta categoria, mas do seu nome
e vida nada se sabe. Não há dúvida que seu corpo foi embalsamado com todo o
cuidado que os egípcios dispensavam principalmente às sacerdotisas. Depois de
colocado num caixão de madeira, foi depositado no cemitério dos sacerdotes e
sacerdotisas do templo. Havia o máximo cuidado de ocultar o lugar do cemitério,
porque embalsamavam o corpo como se o conservassem para a vida eterna, e a
sacerdotisa ficou em paz por muitos séculos, até que foi roubada por um bando
de saltadores árabes. Isto foi sessenta anos, quando o seu corpo foi despojado
do seu caixão e desapareceu.
Há cerca de
sessenta anos, um grupo de seis amigos subiu o Nilo, foi a Luxor, visitou a
segunda Catarata, e explorou Tebas, assim como o templo de Amon-Rá, o primeiro
em todo o mundo pela magnificência de suas ruinas.
Uma senhora
inglesa muito conhecida fazia parte do grupo, e o cônsul Mustaph Aga
ofereceu-lhe uma festa. Uma noite, o cônsul enviou aos seus amigos um árabe que
lhes disse ter encontrado um caixão de múmia de um grande valor.
No dia seguinte,
levou o caixão para o admirarem. Via-se o retrato de uma mulher, de uma grande
beleza, mas de uma expressão maligna.
O caixão foi
comprado por um dos do grupo, Mr. D., que concordou em fazer uma rifa para ver
quem ficaria com o tesouro, e a sorte caiu em um amigo, que trataremos por Mr.
W.
Começou, então,
uma série de fatalidades, que nunca cessaram, desde que o caixão foi encontrado
entre milhares de outras relíquias semelhantes.
Voltando nesse
dia do passeio, um dos companheiros disparou a espingarda, sem saber como, e
feriu um dos criados no braço, que teve de ser cortado. O outro, antes de um ano, morreu na miséria. O terceiro foi fuzilado. O antigo dono do
caixão da múmia, chegando ao Cairo, perdeu grande parte da fortuna e morreu
pouco depois.
A sacerdotisa de
Amon-Rá mostrava o seu descontentamento de uma maneira evidente.
Quando o caixão
chegou a Londres, foi oferecido por seu dono, Mr. W., a uma irmã casada, que
residia perto de Londres. Logo a desgraça começou no casal: apareceram muitos
aborrecimentos e grandes perdas financeiras.
Antes disso,
porém, a teosofista Mme. Blavatsky entrou na sala em que estava colocado
caixão. Ela imediatamente declarou que havia uma maligna influência na sala.
Avistando o caixão, aconselhou à dona da casa que mandasse embora aquilo,
porque era uma coisa de enorme perigo. A moça riu-se de tal superstição.
Tempo depois,
mandou o caixão para a casa de um grande fotógrafo.
Uma semana
depois, recebeu um chamado do fotógrafo que, muito impressionado, lhe contou
que, quando fotografava a cara com o maior cuidado, garantia que ninguém
tocasse no negativo da fotografia, mas este revelara a cara de uma mulher
egípcia com vida, cujos olhos se fixavam nele com uma expressão malévola. Pouco
tempo depois, ele morria de repente e de uma maneira misteriosa.
Por esse tempo,
Mr. D., o primeiro possuidor do caixão, ouvindo estas histórias, aconselhou-a
que o mandasse para British Museum. O cocheiro que o transportou morreu uma
semana depois e o seu ajudante sofreu um sério desastre.
Todas estas
histórias foram verificadas, e recolhidas provas irrefutáveis de todos que
foram vítimas da fúria e vingança da sacerdotisa, pelo falecido Mr. B. Fletcher
Robinson. Ele contou-nos a história como acabamos de relatar e declarou-nos que
todos os fatos são absolutamente autênticos. Ele próprio pensou que, uma vez o
caixão chegado ao Museu e instalado num lugar de honra, terminasse a série de
fatalidades, porque ele escreveu: “Talvez esta sacerdotisa só use o seu poder
contra os que a mostram à luz do dia, ou a guardam numa sala reservada; mas,
agora que ela se acha entre rainhas e princesas, talvez ela não faça mais uso
do seu poder maligno”.
A Sra. St. Hill,
porém, que leu isto em Londres, verificou que, pouco depois de Mr. Fletcher
Robinson relatar os fatos, ele também morreu, ainda moço (36 anos), depois de
uma curta doença.
Fonte: “A Leitura para Todos”/RJ,
edição de outubro de 1909.
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