POE POE NOEL - Conto de Terror - Karoline Thomaz
POE POE NOEL
Karoline Thomaz
Anoiteceu.
O
lúgubre sino bateu.
Anunciando
a noite de Natal.
Uma
ocasião em que eu saio para realizar os sonhos juvenis de amor e esperança
envolto em minha capa rubra.
Nesta
noite eu carrego um saco que pesa mais que a própria culpa. Não é um simples
presente; é um fardo, um segredo obscuro que levo entre as dobras vermelhas do
manto que me envolve.
Adentro
a modesta moradia não por uma chaminé, mas pela porta que se encontra
entreaberta. No quarto, o pequeno órfão anseia pelo impossível: a presença
materna que a morte lhe roubou.
Mantendo
o silêncio e deposito o presente inerte debaixo da árvore enfeitada. A cabeça
se recusa a se ajeitar, tomba desamparada para o lado diversas vezes antes de
aceitar seu destino. Enquanto arrumo o fardo, próximo a uma poltrona
desgastada, um gato preto me observa em silêncio com seu único olho brilhando
na escuridão.
Ignoro
o julgamento do maldito felino e removo os vermes da face cadavérica, cobrindo
parte do crânio exposto com os tufos de cabelo que restaram.
Finalizo
o serviço e vou pelo mesmo caminho por onde entrei, deixando para trás o
presente que o jovem em fervor me pediu durante o ano e que, em meu ofício, não
me permito recusar.
Enquanto
voo pelo céu, tomando distância da pequena casa, ouço um grito ecoando pela
noite adentro, é o choro aterrorizado da criança. Suponho que não tenha gostado
do presente.
No
meio do voo um corvo pousa ao meu lado e grasnando em escárnio repete:
"Criança ingrata, crianças ingratas e nada mais". Tenho que
concordar.
Me
distancio o mais rápido que consigo, ainda tenho sonhos para realizar.
Excelente conto!
ResponderExcluirÉ uma grande honra ter um dos meus contos publicados em um site que tanto admiro, muito obrigada!
ResponderExcluirMuito obrigado, Kalroline. A honra é toda nossa.
ExcluirMeu amor! Não canso de dizer o quanto és incrível!
ResponderExcluirFodaaaa!! putz, amei.
ResponderExcluirHoje é aniversário de Edgar Alan Poe 19/01
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