TIMOCLEA - Narrativa Clássica Cruel - Plutarco


 

TIMOCLEA

Plutarco

(46 – 120)

 

Em meio aos muitos e terríveis males que afligiram aquela desgraçada cidade de Tebas, alguns trácios invadiram a casa de Timoclea, dama da elite e de conduta admirável.

Enquanto a turba saqueava-lhe os bens, o comandante, depois de insultar e estuprar a dama, perguntou-lhe se houvera escondido prata ou ouro em algum lugar.

A dama confessou-lhe que sim e o conduziu ao jardim, onde lhe mostrou um poço. Disse-lhe que, antes que a cidade fosse tomada, ali lançara os seus preciosos tesouros.

O trácio acercou-se ao poço. Quando o examinava, estando Timoclea à sua costa, empurrou-o. Depois, arrojando-lhe um monte de pedras, matou o invasor.

Os trácios, tendo manietado a senhora, a conduziram a Alexandre. Desde logo, a dama pareceu-lhe respeitável e animosa, pois acompanhava os seus algozes sem dar a menor mostra de temor ou sobressalto.


 


 

Tendo-lhe Alexandre perguntado quem seria, ela respondeu-lhe que era irmã do general Teágenes, que lutara contra Filipe pela liberdade dos gregos e morrera na batalha de Queroneia.

Admirado com a sua resposta e do que havia feito, Alexandre devolveu a liberdade à dama e aos seus filhos.

 

Versão em português de Paulo Soriano a partir da tradução espanhola de Antonio Ranz Romanillos (1759 – 1830).

Ilustrações: Elisabeta Sirani (1638 – 1665) e Francesco Primaticcio (1504 – 1570).

 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A MÁSCARA DA MORTE ESCARLATE - Conto de Terror - Edgar Allan Poe

O RETRATO OVAL - Conto Clássico de Terror - Edgar Allan Poe

A DAMA DA MORTALHA - Conto de Terror - Paulo Soriano

FECHADO NA CATACUMBA - Conto Clássico de Terror - H. P. Lovecraft