A PATA DO LOBISOMEM - Narrativa Clássica de Terror - Henri Boguet
A PATA DO LOBISOMEM
Henri Boguet
(1550 – 1619)
Tradução de Paulo Soriano
Será oportuno acrescentar aqui o que aconteceu no ano de 1588, numa aldeia a cerca de duas léguas de Apchon, nas altas montanhas de Auvergne.
Um cavalheiro, estando à noite numa das janelas do seu castelo, viu passar um caçador, confrade seu, a quem pediu que lhe trouxesse algo quando retornasse de sua caçada.
Em seu caminho ao longo de uma planície, o caçador foi atacado por um grande lobo, contra o qual disparou um tiro de arcabuz, mas sem feri-lo. Atacado pelo animal, o caçador o agarrou pelas orelhas. Por fim, cansado, conseguiu liberar-se do lobo e, recuando, sacou um grande facão de caçador, que trazia consigo, com o qual atingiu o lobo, decepando-lhe uma de suas patas. Tendo o lobo fugido, o caçador recolheu a pata em seu bolso.
Retornado ao castelo do gentil-homem, este pediu que lhe contasse sobre a sua caçada. O caçador enfiou a mão no bolso, imaginando que de lá tiraria a pata do animal; contudo, puxou uma mão humana, dotada de um anel de ouro em um dos dedos. O castelão reconheceu a joia de sua esposa.
Mas o incidente não o fez desconfiar da mulher. Todavia, tendo entrado na cozinha, encontrou a esposa aquecendo-se ao fogo, com braço escondido sob o casaco. Puxando-o, viu que a mulher tinha uma mão amputada.
Então o cavalheiro a interrogou rigorosamente e, depois confrontar a mão decepada e verificar que esta era mesmo a de sua esposa, a mulher confessou que, sob a forma de um lobo, atacara o caçador.
A mulher foi, depois, queimada viva em Lião.
Fonte: Le Temple de Satan, de Stanilas de Guaita, Hector & Henri Durville Editores, Paris, 1915.
Comentários
Postar um comentário