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Mostrando postagens de maio, 2025

UMA NOITE TRÁGICA - Conto Clássico de Suspense - Antônio Tavernard

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UMA NOITE TRÁGICA Antônio Tavernard (1908 – 1936) Um último estertor, uma derradeira convulsão… e o corpo do animal ficou imóvel, enrijecido, morto. Paulo de Almeida tocou-o com a ponta do estilete. A pele escura e tensa não cedeu. — Está acabado — murmurou entre dentes, o rosto iluminado por um sorriso de orgulho. Na grande sala transformada em laboratório, a luz do sol, entrando em jorros pelas janelas abertas, arrancando revérberos das retortas de vidro, punha manchas louras no tapete, nas estantes e nas paredes. Almeida olhou mais uma vez o cadaverzinho do símio, estirado dentro da gaiola de tela, onde outro macaco arregalava os olhitos travessos, espantado pela imobilidade incomum do companheiro. Para o homem, aquilo era mais que a concretização de um ideal acarinhado há muito, com um desvelo e tenacidade de espantar; era alguma coisa mais sublime, atrás da qual a humanidade inteira corre, através dos séculos, algumas poucas vezes alcançando-a — a glória. Desde que encet...

O ENVENENADOR - Conto Clássico Cruel - Rodolphe Briger

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O ENVENENADOR Rodolphe Briger (1869 – 1943) Tradução de Antônio Andrade Júnior (Séc. XX) Cansado de viver com sua cara metade, que, entretanto, era a mais doce criatura deste mundo, e repugnando-lhe o divórcio pelo que ele tem de imoral e de contrário aos princípios religiosos, o senhor Taupin tomou a doce resolução de envenenar a sua mulher! Como no ciclo dos seus estudos nada havia predestinado Taupin às sábias toxicologias, lastimando ter-se perdido a fórmula do veneno dos Bórgia, atirou-se burguesmente sobre os ácidos arsenicais. Dispendendo alguns níqueis, comprou na farmácia mas próxima, algumas gramas de arsênico e, com uma sábia dosimetria, salpicou-o delicadamente nos alimentos absorvidos pela delicada e débil Madame Taupin, entregando-se pelo que acontecesse nas mãos da divina Providência! O efeito do arsênico não tardou a se fazer notado no débil organismo da esposa; com efeito, Mme. Taupin, não demorou em engordar!… É verdade que a sua pele cobriu-se de uma certa p...

O NECRÓFILO DE SAINT-OUEN - Narrativa Verídica Macabra - Autor Anônimo do Séc. XIX

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O NECRÓFILO DE SAINT-OUEN Autor anônimo do séc. XIX Na manha do dia 26 de março do corrente ano, à beira de um talude, no cemitério de Saint-Onen, foi encontrado o cadáver de uma moça de dezoito anos que, na véspera, fora sepultada. Tendo sido o cadáver tirado do caixão, de noite, arrancaram-lhe o vestido e em seguida executaram no corpo a mais horrível das profanações. Poucos dias depois, era preso, por confissão espontânea, um tal Duhamel; porém, no começo da instrução, ficou provado que Duhamel se gabara! E restituiu-se-lhe a liberdade. O mesmo sucedeu a outros indivíduos, suspeitos do mesmo crime. O criminoso ficaria impune se, no dia 13 de junho, os guardas do mesmo cemitério, ao fazerem a ronda matinal, não vissem o cadáver de uma criança de onze meses, Pauline Chaillet, que tinha sido retirado da valia comum. A mortalha jazia a pouca distância, junto a uma cerca de espinhos. Continuando a procurar, viram estes homens bruscamente saltar pela janela de uma casa abandonada ...

SEPULTAMENTO PREMATURO - Narrativa Verídica de Horror - Autor Anônimo do séc. XIX

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SEPULTAMENTO PREMATURO Autor anônimo do séc. XIX Dão notícia os jornais alemães de um terrível caso do enterramento prematuro, o que vem mais uma vez afirmar a necessidade do completa verificação dos óbitos, antes de dar-se um corpo à sepultura. Em janeiro, foi sepultada no cemitério de um lugarejo próximo de Varsóvia uma senhora de 27 anos e grávida de sete meses. A morte fora súbita, sem ter precedido sintoma de moléstia. Tendo sido maltratada dias antes pelo marido, houve suspeita de assassinato. A autoridade mandou exumar o cadáver e qual não foi a estupefação das pessoas, que assistiram ao ato, vendo aos pés da mulher uma criança recém-nascida! Os médicos verificaram que a criança nasceu a termo. A cova de sua mãe lhe fora literalmente berço e túmulo. Verificaram ainda os médicos peritos que a senhora havia sido enterrada viva e que dera à luz na cova, em suplício atroz. Esse suplício foi-lhes revelado polo sangue coagulado nos lábios do cadáver, pela língua esmaga...

O LOBISOMEM - Narrativa Clássica Sobrenatural - Raymundo Magalhães

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O LOBISOMEM Raymundo Magalhães (Séc. XX) A primeira bodega que se abria, na feira do Jacaré, era a de seu Bento. Logo muito cedo, mal o dia começava a raiar, ele saía de casa, embrulhado num cobertor de lã, por causa do frio cortante, escancarava as duas portas da frente, ia à ancoreta  de cachaça pousada em cima do balcão, tomava um  tronco , para esquentar o corpo e ficava, por algum tempo, passeando dentro do  quarto , à espera dos primeiros fregueses. Estes não demoravam a chegar. Eram, de ordinário, os mesmos: seu Valdivino, marchante, dono do açougue vizinho, conversador inesgotável e cacete, depois da terceira golada; o capitão Mosqueiro, espírito alegre e vivo, grande contador de anedotas picantes, que, apesar de muito repetidas, arrancavam formidáveis gargalhadas; seu Doca, o mais moço de todos, prosador e poeta, que assombrava a terra com os seus violentos artigos políticos nos jornais da capital e já era uma celebridade consagrada pelo ...