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Mostrando postagens de outubro, 2025

OS ÚLTIMOS CARTUCHOS - Conto Classico de Terror - André Lichtenberger

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OS ÚLTIMOS CARTUCHOS André Lichtenberger (1870 – 1940) Tradução de autor desconhecido do início do séc. XX — O que dizias, então, marquês? — Dizia, senhores, que, em minha opinião, é este o plano que devemos seguir. Embarcamos todos amanhã em Douvres. No mesmo dia Puisaye e os seus fazem-se ao mar em Plymouth. As duas esquadras reunidas dominam a Mancha e forçam a entrada do porto de Brest. Apoderamo-nos dos navios rebeldes. A cidade é nossa. E confiscamos os bens dos culpados. — Bravo! E depois? — Lança-se uma proclamação em nome do rei. A Bretanha inteira levanta-se. Não é com um punhado de bandidos uniformizados que a domarão. Em uma semana, somos nós os senhores e alcançaremos a Vendeé. — A Vendée dorme, não está morta. — Bem faltado, meu caro d'Allagre. Então, tendo por nós todo o Oeste do reino, com um exército de cinquenta mil homens, marcharemos sobre Paris. — Oh! — murmurou o barão de Rilliére. —Não será demasiada ousadia? — Erro, meu caro senhor, erro. ...

O CRIME DE OTÁVIO - Conto Clássico de Crime - Olavo Bilac

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O CRIME DE OTÁVIO (Carta encontrada entre papéis velhos) Olavo Bilac (1865 – 1918) “ Saberás tudo, já que tudo queres saber. Três anos passaram sobre essa negra tragédia. E ainda hoje tenho tudo presente à memória, e ainda te faço esta pergunta, que há três anos dirijo a mim mesmo, todos os dias sem achar resposta: — Foi um crime o que eu fiz? Quando Jacques me bateu à porta, às 10 horas da noite, eu tinha um livro aberto diante de mim. Não lia. À cólera, que me agitara durante toda a tarde, sucedera uma grande prostração. Parecia-me sem remédio a minha desgraça, depois daquela certeza, daquela terrível certeza… Amá-la como eu a amava, com o desejo nunca saciado de a possuir, afrontar tudo, cometer o crime de lhe dar cerco durante dois longos anos, persegui-la por toda a parte, ter de viver numa constante dissimulação com o marido, ouvir-me a toda hora elogiado por ele, comer-lhe os jantares todos os dias só para estar junto dela, desanimar afinal, considerá-la honesta, repu...

“NYBBAS” - Conto de Terror - Danilo Seraphim

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 “ NYBBAS” Danilo Seraphim Eu tinha aproximadamente doze anos quando ouvi pela primeira vez os relatos do senhor Armando, que trabalhava na estação do trem em Caveiras, ao Norte do Estado do Paraná. Era um senhor idoso, de expressão cansada e que relatava com espanto (com o cigarro caindo no canto da boca), emoção e avidez, os acontecimentos da “Cidade sombria”, desde quando era chamada de Província de Caveiras. Porém, os fatos que adiante narrarei não foram relatos a mim pelo senhor Armando e nem mesmo por qualquer outro cidadão de Caveiras. E até hoje eles retornam para me assombrar e me fazer acordar algumas vezes na madrugada. Quando éramos crianças, ali mesmo, na cidade de Caveiras, em uma daquelas partidas de futebol que disputávamos lá no campinho, conheci Átila Sanctus. Era um rapaz desengonçado e tinha uma risada estranha. Ele não era do nosso círculo de amizades, porque parecia um rapaz bem mais velho, mas a gente sabia que os amigos da sala onde ele estudava ...