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Mostrando postagens de 2018

DO ALÉM-TÚMULO - Conto Clássico de Terror - José Juan Tablada

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DO ALÉM-TÚMULO José Juan Tablada (1871 – 1945) Tradução de Paulo Soriano Ao longo das ruas, úmido e frio, arrastava-se um vento de inverno que açoitava o vidro dos lampiões e fazia ondular as chamas nos bicos de gás. O movimento havia cessado nas ruas, apenas cruzadas por escassos transeuntes ou por coches tardios, cujo rolar intermitente e fragoroso surgia, desvanecendo, depois, em silêncio. Naquela hora, à meia-noite, o sol do vício se levanta. É a hora febril da taverna, onde a vida do ébrio se arrasta com o pulsar precipitado de um coração de alcoólatra, e as visões se levantam de um cérebro nublado pelo vinho. O relógio daquela taverna marcava as doze, hora que acabava de soar com os suspiros das doze badaladas e o seco e preguiçoso estertor da corda que se estira. Uma dúzia de indivíduos repousava no interior: dois alemães, com o rubro bock de cerveja à frente, jogavam dados, recortando na escuridão os seus rostos vermelhos e congestionados de teutõ

O MELHOR PRESENTE - Conto Clássico de Terror - Clemente Palma

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O MELHOR PRESENTE Clemente Palma  (1872 - 1946) No fundo da choça humilde estava a cama tosca da camponesa enferma... Sua pálida cabeça se perdia entre os travesseiros e, amorosa, com a santa ternura de todas as fêmeas por seus filhotes, amamentava o recém-nascido, belo e robusto como um São João. O pai se vestia com as roupas domingueiras. Sua mulher o fitava, fixando nele seus olhos de lassa expressão, e depois beijava, sorrindo, o pequerrucho. Nevava. A noite era escura, apesar da fosforescência cinzenta da geada. Todavia, o bom lavrador se aprontava cuidadosamente, como um jovem pretendente que se prepara para o encontro com uma amada aristocrática. E ajeitava-se, porque ia procurar a Rainha das Fadas, que se oferecera para ser a madrinha de seu filho. **** Cinco meses antes, numa tarde em que foi, como de costume, ao bosque cortar azinheiras, salvou uma cerva perseguida de perto por um lobo: com destreza, lançou o seu machado à cabeça da fera e a matou. Gra

ELA - Conto de Terror - Rodrigo Cesar Picon de Carvalho

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ELA Rodrigo Cesar Picon de Carvalho Jamais me olvidarei das lembranças daqueles momentos tortuosos. Sempre que fecho o olho, vem à minha memória flasbacks lembrando o que passei. Posso estar louco – possivelmente estou; mas não há como negar que qualquer ser, que tivesse o mínimo de lucidez em suas mentes, não ficaria. Caro leitor, não me julgue antes de entender a minha história e os motivos pela qual estou aqui, preso neste local escuro e sombrio, tachado por todos como louco. Passo agora a escrever os fatos que me levaram a ser encarcerado neste hospital psiquiátrico e, certamente, você entenderá o que aconteceu comigo.          Era maio de 2005. Na época, eu tinha acabado de me mudar para Lavras, uma cidade no interior de Minas Gerais. Eu tinha 19 anos na época e meu irmão tinha 21. Mudamos para aquela cidade por causa de meu pai, que havia sido mandado para lá por causa de seu emprego. Talvez não fosse tão ruim, eu pensava na época. Lavras era uma cidade maior que