O ESPECTRO SALVADOR - Narrativa Verídica - Job de Castro
Um
guarda-marinha russo estava em Pavlovsky com a família, quando recebeu ordem de
partir imediatamente. Ao despedir-se dos parentes, recomendou especialmente à
sua irmã que pensasse nele constantemente, porque isso, decerto, lhe traria
felicidade.
Passado
um mês, a jovem, numa noite, teve, de repente, um desmaio. Quando voltou a si,
contou que se tinha visto transportada para o meio de uma tempestade.
Lembrava-se nitidamente de haver encontrado irmão, que nadava desesperadamente
para uma ilhota rochosa, onde efetivamente caiu com a cabeça ensanguentada.
Eram
dez horas. Julgaram todos que se tratasse apenas de um mau pesadelo. No dia
seguinte, foram surpreendidos com um telegrama do guarda-marinha que dizia
somente: “Estou vivo. Agradeço muito a minha irmã. Até breve.”
Que
podia ele agradecer? Ninguém chegou a compreender.
Pouco
depois, os jornais noticiavam que o navio em que o moço estava embarcado
naufragara perto das ilhas de Aland, na Finlândia. Ainda isto, porém, não
explicava os agradecimentos. Foi o guarda-marinha, único sobrevivente do
desastre, quem veio esclarecer as coisas. Disse ele que, ao achar-se lutando
com as ondas, no mais forte do temporal, sentiu-se de súbito auxiliado e guiado
por uma espécie de fantasma em que reconheceu a irmã. Ela o levava em uma
direção desconhecida. Em certo momento, sentiu uma pancada muito forte na
cabeça e desmaiou.
Pescadores,
no dia imediato, encontraram-no em uma ilha deserta e socorreram-no. Seus
agradecimentos dirigiam-se, portanto, à irmã, porque estava seguro de que tinha
sido ela quem o salvara.
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