A CASA ENCANTADA - Conto Clássico de Terror - Anônimo Espanhol


A CASA ENCANTADA

(Autor anônimo espanhol)

Certa noite, uma jovem sonhou que caminhava por uma estranha trilha campestre, que ascendia pelos bosques de uma colina cujo cimo era coroado por uma bela casinha branca, rodeada por um jardim.

Incapaz de ocultar o seu prazer, bateu à porta da casa, que finalmente foi aberta por um homem muito, muito velho, com uma longa barba branca. No momento em que ela se punha a falar, acordou. Todos os detalhes desse sonho permaneceram gravados tão profundamente em sua memória que, ao longo de vários dias, a moça não pôde pensar em outra coisa. Depois, por três noites seguidas, voltou a ter o mesmo sonho. E sempre acordava no instante em que ia falar ao ancião.

Poucas semanas depois, a jovem se dirigia, em um automóvel, a Litchfield, onde acontecia uma festa de fim de semana. De repente, puxou a manga do motorista e pediu que parasse o carro. Ali, à direita do caminho pavimentado, estava a senda campestre de seu sonho.

– Espere-me um instante – pediu ela. E embrenhou-se pela trilha, com o coração pulsando-lhe descontroladamente. E não ficou surpresa quando a vereda ascendeu, enroscando-se, até o topo da colina boscareja, e a deixou frente à casa de cujos mínimos detalhes agora se lembrava com tanta precisão. O mesmo ancião de seus sonhos atendeu aos seus impacientes chamados.

– Diga-me – disse ela –, esta casa está à venda?

– Sim – respondeu o homem –, mas eu não a aconselho a comprá-la.  Um fantasma, minha filha, frequenta esta casa!

– Um fantasma! – repetiu a moça.  – Santo Deus!  Mas quem é ele?

– Você – disse o ancião.  E fechou suavemente a porta.


Tradução de Paulo Soriano

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