O MANEQUIM - Conto Clássico Fantástico - Autor Anônimo do Séc. XIX
O MANEQUIM
Anônimo do séc. XIX
A
residência de Chesterton ficava numa dessas ruas estreitas que vão do Strand ao
Tâmisa. As janelas de seu apartamento olhavam para esse largo e majestoso rio,
sobre cuja superfície se desenhavam em negras sombras os altos prédios de Southwark,
opostos aos raios horizontais do Sol de novembro. A luz avermelhada, mal
rompendo o espesso vapor que saía da água, penetrava um pouco no aposento
vasto, cômodo e abundantemente guarnecido de tintas, telas, utensílios de
pintura, de desenhos, em uma palavra, da mobília ordinária de uma oficina de
pintor. Deitando os olhos para um dos cantos da câmara, não pude conter um
movimento de surpresa. Na escuridão, uma figura humana, embrulhada num manto
branco, parecia estender para mim os braços.
—
Não se assuste — disse-me o meu amigo, rindo-se por me ver recuar um passo. — É apenas um manequim, que esta manhã me
serviu de modelo da Aparição na Tenda de Bruto. Mas, a propósito — ele
prosseguiu, dirigindo-se para a figura e tirando para o lado as roupas que lhe
cobriam os membros —, estou orgulho desta peça, porque, em parte, é criação minha.
Um bom manequim, como o que vê, é um objeto caro. Bem sabe que sempre tive certa
propensão para a mecânica, e foi por isso que me lembrei de procurar um modelo
de pouco custo. Dirigi-me a certo estudante de medicina, pedi-lhe um esqueleto
em bom estado, e recebi o que você está vendo. Onde e como o obteve, não me
importa. Ao que parece, foi por intermédio de algum ressurreicionista[1],
casta de gente com quem ele mantém relações. Seja como for, é um sujeito
muito fresco, sólido, e cuja ossada parece não ter estado em contato com a
umidade da terra. Por meio de algumas molas e arames que passam pelas costas,
cotovelos e joelhos, consegui pô-lo em movimento e assumir todos os gestos necessários,
tão perfeitamente — senão muito melhor — do que o podem fazer essas figuras que
vendem por aí. E leva uma roupa do meu
uso para cobrir-lhe decentemente a nudez, como você bem vê. E, porque a caveira
nua me oferece um aspecto lúgubre, lembrei-me de ocultá-la com uma velha
máscara e lhe pôr a peruca de meu falecido pai. O que, porém, me deixa
aborrecido é o pescoço torto de lado, como se o sujeito, quando era
vivo, tivesse sofrido uma violenta torção nessa parte do corpo. Não pude endireitá-lo.
Para remediar este inconveniente, fiz o que pude, mas, como era preciso quebrar
as junturas, desisti.
Ao
dizer estas palavras, tirou a máscara e a cabeleira do esqueleto, e mostrou-me,
com efeito, uma caveira esbranquiçada, que, saindo das vestes em que estavam envoltas
as partes inferiores, com o queixo caído e exibindo os buracos dos olhos,
parecia representar a morte em mascarada, espetáculo ao mesmo tempo engraçado e
medonho, mas que, ferindo-me de repentinamente, em meio à escuridão, não
produziu em mim outro sentimento além do asco. Por isso, devo dizer que foi com
muito gosto que vi trazerem luzes e pôr-se a mesa. O meu amigo pôs no seu lugar
a máscara e a peruca, arranjou a toalete do manequim, e pusemo-nos à mesa. Conversamos
muito e seriamente. Chesterton — que, durante a sua residência de dois anos em
Londres, estudara o mundo e os segredos da sua arte a fundo — comunicou-me, sem
reserva alguma, os resultados dos seus estudos. Examinou com atenção os meus
esboços, indicou-me com candura e sagacidade suas belezas e seus defeitos,
deu-me muitos conselhos, e traçou-me um plano de trabalho que observei com
ardor e assiduidade por dois meses consecutivos.
Chegou,
enfim, a ocasião em que julguei poder apresentar-me de novo ao concurso para
ser admitido na academia real e, desta vez, o sucesso coroou meus esforços,
porque fui recebido como aluno em atenção aos meus progressos. Um moço, com
quem várias vezes me encontrara na casa de Chesterton, obteve o mesmo favor.
Reunimo-nos, pois, para festejar o novo triunfo com uma garrafa de vinho generoso.
Passo
em silencio os pormenores de uma farra das mais alegres que se pode imaginar,
bastando dizer que, depois de termos tagarelado, cantado e bebido muito além da
garrafa ajustada, nos separamos, às onze horas da noite, nas imediações de
Temple Bar.
A
noite estava bela e, achando-me no bairro de Chesterton, ocorreu-me ir à sua
casa e dar-lhe, em pessoa, a feliz notícia dos meus sucessos, persuadido de que
ficaria muito alegre com a notícia.
Disseram-me
que ele tinha jantado fora de casa, mas que não tardaria a chegar. Como gozava,
à época, de familiaridade com a dona do hotel, disse-lhe que iria esperá-lo no
seu apartamento.
O
carvão, que ardia no fogo, espalhava no estúdio uma claridade excelente. Não
quis que acendessem vela, preferindo sentar-me junto à lareira. Entretive-me em
contemplar as formas esquisitas que as sombras das cadeiras, dos cavaletes e
das estatuas de gesso, que me rodeavam, produziam nas paredes e no teto. O
braço monstruoso de um Hércules atravessava, em toda a sua extensão, o teto
para tocar a perna de uma Vênus que, por ser desmesuradamente comprida, parecia
pertencer ao colosso de Rodes. Entrementes, um boné, pertencente ao meu amigo,
que estava sobre um cavalete, reproduzia-se, na parede oposta, do tamanho do elmo
gigantesco do Castelo de Otranto[2]. À
medida que o fogo ia-se apagando, e que a sua fraca luz não dava às sombras
mais que formas vagas e indeterminadas, fixei atentamente a vista na lareira,
buscando essas fantásticas aparições, essas quiméricas figuras de homens, de castelos,
de árvores, de animais que a imaginação se apraz em mostrar-nos nos carvões incandescentes.
Por longo tempo estive assim, contemplativo, até que, enfim — depois que uma labareda
passageira, qual meteoro, voltejou ligeiramente sobre a massa ardente, como se a
cratera de um vulcão se houvesse repentinamente aberto —, vi abaterem-se todas
essas matérias em combustão no abismo minado debaixo delas e desaparecer, de
súbito, minhas grutas, meus castelos, meus templos, minhas torres, com todos os
habitantes com que as tinha que povoado, e que sumiram, um a um, como as sombras
de um sonho.
Tendo
esta catástrofe rompido o curso das minhas observações, levantei-me e pus-me à janela.
A noite estava clara e fria. Algumas estrelas brilhavam no firmamento e a Lua
ia-se escondendo por detrás de Westminster, cuja escura sombra apenas se distinguia
ao ocidente. O astro estava já muito perto do horizonte para que a sua luz
pudesse clarear alguma parte da superfície da água. A maré baixava, e as vagas deslizavam
negras e turbulentas por baixo da janela. De vez em quando, brilhava uma luz de
entre as sombras e lançava o seu reflexo sobre o rio. Alumiaria ela alguma atividade
honesta, prorrogando pela noite os trabalhos mesquinhos do dia, ou as tramas do
crime e da libertinagem? Arderia junto de um leito de dores, de um ente prestes
a deixar este mundo, ou bem na câmara modesta de um estudante, que corre atrás
da fortuna e da glória, em suas vigílias literárias? Quem poderia dizê-lo?
No
momento em que, atentamente, observava esses fracos clarões e ouvia o carrilhão
de São Martinho a tanger um quarto antes da meia-noite, observei algo que
descia o rio a meu lado. Acreditei ser um bote, mas, como nada distinguia ao
certo, em razão da escuridão noturna, não pude observar o que ele trazia.
Somente no instante em que o bote se pôs na claridade, que um dos lampiões
refletia da margem oposta do rio, distingui uma figura de pé, tendo na mão um
remo. Todavia, essa figura não parecia remar, senão deixar-se ir rio abaixo, ao
som da água.
À
medida que a embarcação se aproximava, observei que continha mais outras pessoas,
e que todas falavam em voz baixa. Porém, nada lhes pude ouvir. Enfim, o bote
parou debaixo da janela, e o barqueiro, levantando a cabeça, e metendo os dedos
na boca, deu um assobio.
Seria
uma ilusão? Por detrás de mim, no próprio apartamento, pareceu-me ouvir repetir
o mesmo sinal, porém fracamente, como se aquele que respondia não tivesse nem lábios
para articular, nem músculo gutural para passar o som: o ruído que ouvi era como
o do vento ao passar por uma janela meio aberta. Voltei-me imediatamente para o
lado da câmara de onde ele partiu: o fogo, ateado por novos alimentos,
permitia-me distinguir suficientemente os objetos: tudo estava profundamente
tranquilo. No canto, para onde dirigia os olhos, estava o manequim, vestido do
mesmo modo, imóvel como uma estátua, na mesma posição em que o vira, com os
braços um tanto levantados. Fiquei envergonhado da minha fraqueza, e tornei
para a janela, porém não vi mais o bote.
Entrementes,
o aspecto da noite tinha mudado. A Lua havia desaparecido, a atmosfera estava
mais fria e o vento descia a cada instante pela chaminé. Caindo-me alguns
pingos de chuva sobre o rosto, e anunciando-se uma tempestade, fechei a janela.
Fiquei, então, aflito por me ver retido pelo mau tempo. Contudo, esperando que
isso faria com que Chesterton voltasse mais cedo para casa, puxei a cadeira
para junto da mesa e procurei distrair-me com alguma coisa.
—
Vamos ver se represento também alguma aparição. O momento é favorável à
inspiração.
Depois,
tendo acendido as velas, peguei um lápis e uma folha de papel, tirei o manequim
do seu canto, pondo-o na atitude que me convinha, e comecei a desenhar.
Tinha
já dado os principais riscos do meu desenho, quando o grande sino de São Paulo
tocou a meia-noite. À primeira pancada, pareceu-me ver agitar-se um pouco a
roupa do meu modelo. Todavia, como continuava a entrar o vento pela chaminé, atribuí
esse movimento à corrente do ar. Mas avaliem a minha surpresa quando, ao último
toque do sino, vi a figura despir-se do manto branco, pô-lo sobre um biombo,
tirar do cavalete o boné de meu amigo e com ele cobrir-se, e, depois, saudando-me
com toda a gravidade, como para desculpar-se de interromper o meu trabalho,
dirigir-se vagarosamente para a porta e desaparecer!
Tendo
decorrido bastante tempo depois deste acontecimento, mal poderei dar conta do efeito
que em mim produziu tão singular aparição. Todavia, se bem me recordo, o que
experimentei foi antes admiração do que terror. Meus olhos ficaram abertos quando
o indivíduo misterioso se moveu e pôs o boné na cabeça. Fiquei um instante
petrificado quando atravessou a câmara e ouvi distintamente as pancadas do
coração no peito. Porém, quer fosse por ter o vinho dado energia aos meus
nervos, quer fosse porque a rapidez desta cena não me tivesse dado tempo para aterrorizar-me,
não tardei em tornar a mim.
Logo
que ouvi fechar-se a porta da rua, levantei-me. Um poder irresistível fez-me
seguir os passos do espectro. Deliberei ver onde parara a sua viagem noturna e,
pegando o meu chapéu, desci as escadas como um raio
Chegando
à rua, pude ainda descobrir o espectro, que caminhava a trinta passos diante de
mim. Tudo estava solitário e, não obstante, ia ele encostado ao longo das
paredes, com toda a discrição de um modesto andarilho. Segui sua marcha por
meio da claridade passageira que os lampiões lançavam sobre o seu boné vermelho,
ouvindo uns certos estalos que o esqueleto dava em seus movimentos.
Dirigiu-se
para o norte, evitando as ruas mais frequentadas, metendo-se por um labirinto
de becos escuros com a destreza de um cocheiro de fiacre. Algumas vezes, quem
passava ficava a olhá-lo, admirado da extravagância do seu vestuário. Quando
dobramos a esquina do mercado de Convent Garden, um guarda noturno, iludido pelos
estalos dos seus membros, tocou a matraca e pôs-se a gritar:
—
Fogo! Fogo!
Um
policial, vendo-lhe a máscara, deu-lhe uma bofetada no instante em que entrávamos
pelo bairro tenebroso de Sept Cadrans. Porém, aquele policial deitou a correr
quando viu que o estrondo da pancada se assemelhava ao de um pote quando se
quebra.
Entretanto,
continuava o fantasma o seu caminho, sempre por baixo das goteiras, lançando de
vez em quando olhadelas de desconfiança sobre os que transitavam por essas ruas
desconhecidas. Uma vez — seria ilusão? — vi-o meter a mão na algibeira de um
sujeito que estava parado no meio da calçada, e que talvez tivesse saído de
alguma casa de libertinagem. O espectro, nada encontrando, tirou logo a mão,
abanou a cabeça em ar de despeito e continuou a andar.
Era-me
impossível reconhecer em que distrito de Londres nos achávamos, nem que direção
tomávamos, tão escura e tempestuosa estava a noite e tão inextricável era o
labirinto de becos pelos quais andávamos.
Os
lampiões tinham-se apagado com a força do vento ou com a chuva, à exceção de
muitos poucos mais bem conservados, que luziam de longe em longe. Pude
perceber, todavia, que nos encontrávamos no meio das mais imundas cloacas de
depravação. Muitas vezes, do fundo dos subterrâneos, que ficavam por baixo das
calçadas, ouvia-se o tumulto de ignóbeis orgias, de cantigas obscenas, de
terríveis juramentos — feitos por homens e mulheres — de combates, de gemidos,
de gritos por misericórdia e socorro. Não poucas vezes, também, achávamos o
caminho impedido por alguma vítima do vício, que se arrastava para o seu esconderijo,
ou descansava a cabeça sobre uma pedra. Não podia compreender a conduta do meu
guia: passando por um desses subterrâneos, onde se fazia também algazarra,
parou e olhou fixamente para a escada que ia dar no profundo abismo, como se tivesse
vontade de descer, e, depois, como para obedecer a um poder oculto e superior, tal
qual o da polícia, arranjou suas ossadas e continuou o seu caminho.
Bem
depressa, esses tristes sinais da presença do homem e dos seus vícios desapareceram.
As ruas pareciam alargar-se, e as casas crescerem. Através das torrentes de
chuva, pareceu-me ver aqui e ali, entre quarteirões de casas, intervalos vazios
que anunciavam a aproximação do campo. A falta, porém, de lampiões não me
permitia determinar em que distrito eu me encontrava. Por fim, o barulho do
vento nas ramagens de uma árvore, que ficava sobre a calçada, me fez julgar que
nos achávamos nos arrabaldes de Londres. O esqueleto dirigiu-se para uma
lanterna solitária, um pouco acima de nós, e parou. Outro tanto eu fiz.
Neste
momento, não longe de mim, ouviu-se um assobio agudo, idêntico ao que ouvira no
rio. O fantasma estremeceu, olhou em volta de si, e, fazendo-me uma profunda reverência,
como para agradecer-me a companhia, depôs nas minhas mãos o boné, com um gesto que
exprimia a sua satisfação por lhe ter guarnecido a cabeça. O sinal fez-se de
novo ouvir, e o esqueleto, levando a mão ao ouvido esquerdo de um modo
significativo, como se estivesse endireitando a gravata, deu um salto
extraordinário e sumiu.
Um
golpe de vento do oeste veio apagar a lanterna, e fiquei na mais completa
escuridão, sem saber que lado tomaria para regressar a casa. Fiquei condenado a
não sair de semelhante lugar se não quisesse quebrar a cara contra as paredes
ou cair de corpo e alma em algum desses subterrâneos, que tinha há pouco encontrado.
Enfim, por sorte minha, enxerguei uma luz que se avizinhava. Era o guarda
noturno.
—
Em nome do céu — disse-lhe —, diga-me onde estou! Em que bairro da cidade nos
achamos?
—
Como? — replicou o homem, chegando-me a lanterna à cara, a fim de examinar se
eu era algum ladrão. — O senhor não vê que está na praça de Tyburn e que esta
pedra serviu, no passado, de pedestal à forca?
Não
me recordo bem do que se seguiu. Uma lembrança confusa me fez presumir, depois,
que o estado de exaltação sobrenatural, de que até ali estava possuído, cessou
de repente, e me deixou sem sentidos.
Quando
tornei a mim, achei-me deitado na cama de Chesterton. Os raios do Sol começavam
a penetrar no apartamento e, numa cadeira, junto ao fogo, vi o meu amigo, ocupado
em ler o Morning Post, e mostrando alguma impaciência por estar à espera
do desjejum. Esfreguei os olhos e sentei-me na cama. O primeiro objeto que
reparei foi o boné, posto, como na véspera, em cima do cavalete. No canto da
câmara estava o manequim. Permanecia do mesmo modo, na mesma atitude, sem a
menor alteração.
—
Meu caro amigo — disse-me Chesterton, chegando-se se para a cama —, fico feliz
em vê-lo restabelecido. Ontem, você provavelmente tomou uma furiosa bebedeira,
porque, recolhendo-me muito tarde, e ao entrar aqui, eu o encontrei estendido
no chão. Não devia mandá-lo para casa com o tempo que fazia e, por isso, eu o
deitei nessa cama, assim mesmo vestido, sem que desde então você abrisse os
olhos.
—
Assim mesmo vestido! Mas a minha roupa há de estar toda ensopada da chuva que
apanhei na noite passada.
—
Qual! — replicou Chesterton. — Como molhada? Sem dúvida, você molhou bem a
goela. A sua roupa, porém, nem por isto ficou menos seca.
Não
foi sem grande repugnância que me decidi a contar a Chesterton a minha
extraordinária aventura noturna. Como eu o via decidido a atribuir tudo à
bebedeira, e sentindo-me um tanto aborrecido por isso, julguei do meu dever
pô-lo a par do ocorrido. Quando comecei
a minha história, ele sorria. Pouco a pouco, porém, foi-se tornando sério e passou
a ouvir-me com atenção. E quando lhe descrevi a desaparição do fantasma, e o
lugar da cena, olhou para mim gravemente e em silencio.
—
Estranho! Muito estranho! — disse finalmente. — Ontem jantei com o estudante
que me deu este esqueleto. Instiguei-o a que me declarasse onde o havia obtido
e, por fim, disse-me ele que a ossada era de um facínora executado, há alguns anos,
em Tyburn. Disse-me, ainda, que o esqueleto estivera no gabinete anatômico do
Hospital Grey e que o tinham vendido com outros objetos. Concluiu dizendo-me que
fora deste modo o obtivera. Seja como for, a coincidência destes fatos com o
seu triste sonho é, decerto, digna de nota.
Desde
então, não era sem grande esforço e medo que eu olhava para o manequim, que me trazia à
memória tais lembranças; e estou convencido de que o meu amigo, sem o dar a
entender, experimentava algo semelhante, porque, tempos depois, notei o
desaparecimento do companheiro de minha viagem noturna e nunca mais ouvi falar
dele.
Tradução de autor desconhecido.
Fizeram-se adaptações textuais.
Fonte: “Museo Universal”, 1838.
[1] Sabe-se que em
Londres se dá este nome a um bando de miseráveis que entram de noite nos
cemitérios para furtar os cadáveres e vendê-los a estudantes de Medicina (N. do
T.).
[2] Referência à
passagem do romance gótico “O Castelo de Otranto”, de Horace Walpole (1717 -
1797), em que Conrad, príncipe de Otranto, é misteriosamente esmagado por um
elmo gigantesco, que despenca sobre ele, no dia de seu casamento (N. do E.).
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