CONFRARIA DEMONÍACA - Narrativa Clássica Sobrenatural - Antonio de Torquemdada
CONFRARIA
DEMONÍACA
Antonio de Torquemada
(1507 – 1569)
Tradução de Paulo Soriano
Uma
mulher, querendo desfrutar das delícias do Diabo com as outras bruxas, entrou numa
confraria, e assim, ia e vinha das suas reuniões. Estas idas e vindas atraíram
a suspeita do marido, que passara a ver grandes indícios de sua associação com
o Diabo.
Perguntando-lhe,
muitas vezes, e com grandes promessas de não o revelar, se suas suspeitas eram
verdadeiras, ela nunca quis confessá-lo, mas, com grande dissimulação, afirmava
e jurava o contrário.
O
marido, perseverando naquela ideia, muito esforçou-se, com grande cautela e diligência,
para descobrir se as suas desconfianças eram fundadas. Assim, uma noite, enquanto
estava ela numa câmara fechada, espiou-a através de um pequeno buraco que adrede
havia feito. Viu que ela se untava com um certo unguento, e quando terminou de
fazê-lo, pareceu-lhe que a esposa, na forma de um pássaro, havia pousado no
telhado da casa.
Seguindo-a
para ver o que ela estava fazendo, o marido a perdeu de vista. Descendo à porta
de casa, encontrou-a fechada, e, assim, ficou muito surpreso.
Na
manhã seguinte, estando ele deitado na companhia da esposa, perguntou-lhe
novamente se ela sabia como fazer a arte das bruxas, e quando ela ainda o
negava, o marido lhe disse não havia motivos para assim agir, porque ele a
havia visto com seus próprios olhos. E lhe deu sinais tão verdadeiros que a
mulher ficou confusa; mas ela ainda assim negou, até que o marido a espancou
para que confessasse, prometendo também perdoá-la e não contar a ninguém sobre o
que lhe dissesse.
Vendo
que não mais podia encobri-lo, a mulher confessou tudo abertamente, pedindo
perdão ao marido, que a desculpou por estar deveras ansioso para ver o que acontecia
naquelas reuniões. Assim, a mulher consentiu em levá-lo consigo ao
conciliábulo.
Naquela
noite eles se ungiram, com a licença de Satanás (a quem ela pediu primeiro para
levar consigo o marido), e, assim, foram levados ao lugar onde se praticavam os
jogos de delícias e prazeres.
Ele ficou observando e contemplando muito bem
tudo o que se passava, e finalmente sentou-se com todos os outros à mesa repleta
de variadas iguarias, aparentemente muito boas, mas na verdade muito insípidas.
E quando provou umas e outras, e as
considerou pouco saborosas, pediu que lhe trouxessem o sal, porque não havia nenhum saleiro sobre a mesa,
e como se tardassem em trazê-lo, ele o reclamou tantas vezes e se mostrou tão
inoportuno que um demônio, querendo agradá-lo, pôs um saleiro diante dele. O
marido — não se lembrando da advertência que sua esposa havia feito para não
falar ali uma palavra santa ou boa —, quando viu o saleiro, disse com muita
alegria:
—Bendito
seja Deus, o sal chegou!
Todavia,
mal havia terminado de pronunciar tais palavras, com um grande barulho e estrondo,
tudo que estava ali desapareceu.
Caiu
desmaiado e, quando recobrou os sentidos, achou-se nu, em meio a um campo
situado entre colinas. Andando pelos morros, encontrou alguns pastores. Perguntando-lhes
que terra era aquela, descobriu que estava a mais de cem milhas de distância de
seu lar.
Então,
remediando-se como pôde, voltou para casa e relatou aos inquisidores tudo o que
tinha visto. Estes cuidaram de prender e punir a mulher — e muitos outros — como
mereciam ser castigados.
eles entraram na quarta dimensão ou hiperespaço, meteram o corpo físico na dimensão desconhecida em estado de jinas...
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