VAMPIROS DA HUNGRIA E BAVIERA - Narrativa Clássica de Terror - Dudley Wright

 


VAMPIROS DA HUNGRIA E BAVIERA

Dudley Wright

(1868 – 1949)

Tradução de Paulo Soriano

 

No início do século XVIII, várias investigações sobre vampiros foram realizadas por iniciativa do Bispo de Olmutz. A aldeia de Liebava estava particularmente infestada, e um húngaro, tendo se postado no topo da torre da igreja pouco antes da meia-noite, viu que um cadáver, sabidamente acometido de vampirismo, saía de sua tumba. Abandonando o lençol mortuário no sepulcro, o vampiro começou a sua deambulação.

 

O húngaro desceu da torre, apanhou o sudário e voltou a subir. 

 

Ao voltar ao sepulcro, e percebendo a ausência do lençol mortuário, o vampiro encheu-se de fúria.  O húngaro desafiou-o a galgar a torre e apanhá-lo. O vampiro subiu a escada, mas, pouco antes de chegar ao topo, o húngaro deu-lhe um golpe na cabeça que o lançou de volta ao cemitério. Então, o agressor desceu, cortou a cabeça do vampiro com uma machadinha. Desde então, o vampiro não foi mais visto.

 

Em 1672, vivia, na cidade mercante de Kring, arquiducado de Krain, um homem chamado George Grando, que morreu e foi sepultado pelo padre George, um monge da ordem de São Paulo, que, ao voltar à casa da viúva, viu Grando sentado atrás da porta. O monge e os vizinhos fugiram. Logo começaram a circular rumores sobre uma sombria figura, que era vista andando pelas ruas, à noite, parando de vez em quando para bater à porta de uma casa, mas sem nunca esperar por uma resposta.

 

Em pouco tempo, as pessoas começaram a morrer misteriosamente em Kring, e notou-se que as mortes ocorreram nas casas em que a figura espectral havia batido.

 

A viúva de Grando também se queixou de que o espírito de seu marido a atormentava, dizendo que, noite após noite, o espectro a punha em um sono profundo, com o intento de sugar-lhe o sangue.

 

O Supan, ou chefe dos magistrados de Kring, decidiu tomar as medidas habituais para verificar se Grando era realmente um vampiro. Reuniu alguns dos vizinhos, tonificou-os com um grande suprimento de bebida alcoólica e partiram com tochas e um crucifixo.

 

Aberta a sepultura de Grando, encontraram o seu o seu cadáver em perfeitas condições, sem sinais de decomposição. Tinha, na boca aberta, um sorriso de satisfação e um rubor rosado cobria-lhe as faces.  A comitiva, à exceção do Supan, tomada de terror, correu de volta para Kring. 

 

A segunda visita realizou-se na companhia de um padre, e a comitiva trouxe consigo uma pesada e afiada estaca de espinheiro. O sepulcro e o corpo foram encontrados exatamente como haviam sido deixados. O sacerdote ajoelhou-se solenemente e ergueu o crucifixo, dizendo:

 

— Ó vampiro, olhe para isto. Eis Aqui Jesus Cristo, que nos libertou das dores do inferno e morreu por nós na cruz!

 

Enquanto o monge prosseguia em suas exortações, duas grandes lágrimas rolaram sobre as faces do vampiro.

 

Trouxeram a estaca de espinheiro. Mas sempre que os presentes se esforçavam para enfiá-la no cadáver, a madeira afiada resvalava. Um deles, então, saltou para a sepultura e cortou a cabeça do vampiro. Foi então que o vampiro, com uma contorção dos membros, lançou um brado estridente, e espírito maligno deixou-lhe o corpo.

 

Histórias semelhantes a esta circulavam, continuamente, das fronteiras da Hungria ao Báltico.

 

Em certa ocasião, o espectro de um pastor de uma aldeia perto de Kodom, na Baviera, começou a aparecer a vários habitantes do lugar e, seja por consequência do pavor ou por algum outro motivo, todas as pessoas que tinham visto a aparição morreram na semana seguinte.

 

Levados ao desespero, os camponeses desenterraram o cadáver do pastor e o prenderam ao chão com uma longa estaca. Na mesma noite, ele apareceu novamente, mergulhando as pessoas em convulsões de medo e sufocando várias delas. Em seguida, as autoridades da aldeia entregaram o corpo ao carrasco, que o levou a um campo próximo ao cemitério, onde foi queimado. O cadáver uivava como um louco, esperneando e dilacerando as vestes como se estivesse vivo.

 

Quando o atravessaram novamente com estacas de pontas afiadas, antes da queima, o vampiro soltou gritos agudos e vomitou coágulos de sangue carmesim. A aparição do espectro só cessou depois que o cadáver foi reduzido a cinzas.

 

 

Fonte: Vampires and Vampirism.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A MÁSCARA DA MORTE ESCARLATE - Conto de Terror - Edgar Allan Poe

O RETRATO OVAL - Conto Clássico de Terror - Edgar Allan Poe

NO CAMPO DE OLIVEIRAS - Conto Trágico - Guy de Maupassant

O CORAÇÃO DELATOR. Conto clássico de terror. Edgar Allan Poe