O CONTO DO LOBO - Conto de Terror - Carlos Enrique Saldívar
O CONTO DO LOBO
Carlos Enrique Saldívar
Tradução de Paulo Soriano
— Eu não gosto da sua
história sobre o lobo e os três porquinhos, papai.
—Por que não, filhinha?
—Porque o lobo não
come; vai morrer de fome.
— Come, sim. Não morre
de fome.
— O que ele come,
então? Frutas?
— Sim, frutas,
verduras; ele é um lobo vegetariano.
— Então, por que quis
comer os porquinhos?
— Bem, minha filhinha,
o que acontece é que os porquinhos eram crianças, assim como você.
— E o que isto tem a
ver?
— É que o lobo não
consome vegetais. Eu te enganei. Ele come as almas das crianças.
— Que medo! Mas não
comeu as dos porquinhos.
— Não, mas ele comeu as
almas de todas as criancinhas da cidade.
— Oh, você está me
deixando mais assustada, papai!
— E tenha mais medo
ainda, porque eu sou o lobo.
— Você é o lobo, papai!
— Sim, filha, sou um
lobo que parece um homem.
— Não tenho mais medo,
a verdade é que gostei do lobo.
— Isso é bom, porque
eu, como o lobo da história, devoro almas pequenas.
— Então você comeu a
minha?
— Isto mesmo, pérola de
meu coração.
—Estou feliz por estar
dentro de você, papai.
—Eu também estou feliz,
meu amor.
— Estou com sono. Quero
dormir.
— Descanse e lembre-se:
você é minha alminha especial.
O demônio, que parecia
um homem, continuou andando pelo parque, procurando novas almas de crianças
para devorar. Ele acariciou o estômago, que, embora não o incomodasse, pedia
mais. Tinha um lugar privilegiado para sua filha de cinco anos. No entanto, o
resto das pequenas almas uivavam de sofrimento.
Texto integrante da
revista bilíngue (português e espanhol) “Relatos Fantásticos”, vol. II. Para
acessá-la na íntegra, clique aqui.
Comentários
Postar um comentário