O MONSTRO DE TAIYUAN - Conto Clássico de Terror - Niu Su
O MONSTRO DE TAIYUAN
Niu Su
(713-742)
O
general Tou Pu-yi, capitão da guarda imperial na dinastia Tang, neto de um
oficial com título de nobreza concedido durante o reinado de Wu Te[1],
em razão de seus extraordinários feitos, reformou-se no exército e instalou-se
no distrito de Yangchu, situado ao norte de Taiyuan.
Bravo
combatente, o general viveu uma juventude muito turbulenta, conquanto briosa. Acompanhado
por uma dezena de jovens, dedicava-se à briga de galos e à caça. Quando jogava,
nunca hesitava em apostar somas imensas. Assim, jamais existiram perigos ou
riscos que este jovem, cheio de audácia e decisão, deixasse de enfrentar, razão
por que a sua generosidade cavalheiresca era verdadeiramente estimada.
Uma
entidade sobrenatural assombrava uma estrada a algumas milhas a nordeste da
cidade de Taiyuan. O monstro tinha mais de vinte pés de altura. Aparecia em
plena noite, como um ladrão de estrada; ou surgia em dias chuvosos e nublados.
Muitos caminhantes, surpreendidos por esta aparição, morreram de susto.
Certa
feita, os companheiros do jovem Tou propuseram uma aposta: cinco mil sapecas[2]
para quem abatesse, a flechadas, aquele espírito maléfico. Vendo que os outros hesitavam,
Tou aceitou o desafio e partiu naquela mesma noite.
—
E se ele se esconder em algum lugar para passar a noite e depois vier nos
contar que derrotou o fantasma? — perguntaram-se os jovens. —É necessário segui-lo
e constatar o que está de fato fazendo.
Assim
que chegou ao local designado, Tou logo caiu em cima do fantasma, que então fazia
suas habituais incursões. Atirou-lhe uma flecha, mas o fantasma fugiu.
Perseguido por Tou, e finalmente ferido por três flechas, o fantasma, por conta
de sua apressada carreira, caiu num abismo.
Quando
Tou voltou, os seus companheiros festejaram-no ruidosamente.
—
Perdoe-nos — disseram-lhe os jovens — por tê-lo seguido, temendo que você nos
preparasse um embuste. Agora, damo-nos conto do que você é capaz.
Prontamente,
entregaram-lhe a soma da aposta, que foi rapidamente dispendida na pândega com
os amigos.
No
dia seguinte, os jovens saíram à procura da presa. No fundo do abismo, encontraram
uma colossal esfinge de vime, efetivamente perfurada por três flechas. A
estrada deixou de ser assombrada e a bravura do jovem Tou despertou a admiração
de toda a região. Quando se reformou do exército, já era septuagenário. De modo
algum sua generosidade e bravura foram atenuadas com a idade.
Versão em português de
Paulo Soriano.
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