A LENDA DE SANTA MARINA - Narrativa Clássica Trágica - Amédée de Ponthieu


 

A LENDA DE SANTA MARINA

Amédée de Ponthieu

(Séc. XIX)

Tradução de Paulo Soriano

 

Santa Marina era a única filha de um grego que, convertido, entrara para um mosteiro. Não querendo abandonar o pai, Marina vestiu-se com roupas de homem e se apresentou ao abade, que a recebeu sob o nome de Irmão Marino. Tendo morrido o pai, a jovem continuou sua vida religiosa entre os monges.

Os irmãos do mosteiro costumavam ir à cidade numa carroça de bois para trazer as provisões necessárias ao convento. Quando tiveram de se ausentar por vários dias, um certo cavalheiro, chamado Pandoche, os acolheu em sua casa. Sua filha, seduzida por um soldado, deu à luz uma criança. Diante das perguntas de seu pai, ela acusou o irmão Marino de a haver estuprado. A queixa foi dirigida ao abade que, depois de tê-lo espancado com varas, expulsou ignominiosamente do mosteiro o acusado.

O irmão Marino ficou três anos à porta do mosteiro, suportando pacientemente todos os insultos e vivendo apenas dos pedaços de pão que lhe eram atirados todos os dias.

Uma criança desmamada foi enviada ao abade, que a confiou ao irmão Marino. Comovido pelo arrependimento e pela humildade, e cedendo às orações dos outros religiosos, o abade reabriu a Marino as portas do mosteiro, para o qual retornou com a criança, tendo por penitência realizar os trabalhos mais duros e grosseiros da casa.

 

 


 

O irmão Marino morreu e, como não tinha feito suficiente penitência, o abade ordenou que fosse sepultado longe do mosteiro. No entanto, quando os irmãos lavaram o corpo do monge falecido, reconheceram que o cadáver era o de uma mulher. Então, curvaram-se humildemente e, arrependendo-se da injustiça cometida, pediram perdão a Deus e o enterraram solenemente no mosteiro. Vários milagres aconteceram em seu túmulo.

 

 


 

A filha do cavalheiro, que tão indignamente caluniou a jovem Marina, foi possuída pelo demônio. E somente encontrou a cura muito tempo depois, vindo todos os dias para orar, chorar e gemer no túmulo de sua vítima.

Comentários

  1. barão amigo, essas ilustrações tanto as geradas por IA quanto essas outras,deixam o site ainda mais fantástico !

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