O ANEL DA INVISIBILIDADE - Narrativa Clássica Fantástica - Platão
O ANEL DA
INVISIBILIDADE
Platão
(c. 428 – c. 348 a.C.)
Giges,
antepassado de Creso, rei da Lídia, era pastor naquele reino, a serviço de seu
soberano.
Após
uma tempestade, seguida de um abalo sísmico, a terra se abriu, criando uma
fenda justamente no lugar em que ele pastoreava as suas ovelhas.
Aterrorizado
por estes acontecimentos, desceu por aquela greta e, entre outras maravilhas lendariamente
ditas, viu um cavalo de bronze, oco, em cujo ventre abriam-se portinholas, através
das quais, abaixando-se para ver o que continham as entranhas daquele animal,
vislumbrou um cadáver de dimensões aparentemente superiores às humanas.
Este
cadáver, nu, tinha em um dedo um anel de ouro, que Giges tomou-o para si.
Depois, saiu.
Um
mês despois, os pastores se reuniram para a prestação de contas de seus
rebanhos ao rei. Àquela assembleia acorreu Giges, levando no dedo o anel, e se
sentou entre os pastores.
Aconteceu
que, virando casualmente a pedra preciosa do anel para baixo, Giges tornou-se,
de pronto, invisível aos companheiros, pois falava-se dele como alguém que estivesse
agora ausente.
Surpreso
com este prodígio, Giges virou a pedra para cima e, imediatamente, tornou-se
novamente visível.
Tendo
observado a virtude daquele anel, quis ter certeza de tal eficácia. Repetindo a
experiência, constatou que o prodígio se reproduzia: quando voltada a pedra
para baixo, vinha-lhe a invisibilidade; quando para cima, ele reaparecia.
Confiante
de sua descoberta, cuidou de fazer-se incluir entre os emissários que deveriam
prestar contas do rebanho ao rei.
Tendo
chegado ao palácio, seduziu a rainha e, com o seu auxílio, atacou e matou o soberano,
apoderando-se do trono.
Versão em português
(tradução indireta) de Paulo Soriano.
Ilustração: Anônimo do
séc. XVI.
Inspiração para o senhor dos anéis?
ResponderExcluirSem dúvida. E para o "Homem Invisível", de H. G. Wells.
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