A MARCA DO ESQUELETO - Narrativa Clássica Sobrenatural - Paul Sébillot
Paul Sébillot
(1843 – 1918)
O Sr. Walter Gregor enviou-me a seguinte lenda, que recolheu no condado de Aberdeen (Escócia):
Certa vez, um alfaiate, que gostava de beber e de vangloriar-se, estava sentado com alguns bons companheiros numa taverna, não muito longe do convento de Bauly. Estavam todos um tanto excitados pela bebida, e o alfaiate começou a gabar-se como de costume.
Entre outras coisas, garantiu-lhes que, antes da meia-noite, teria costurado um par de meias na escadaria da casa capitular do priorado. Os seus companheiros aceitaram o desafio. O alfaiate dirigiu-se ao local designado, sentou-se e, iluminado por uma vela, pôs-se a trabalhar, movendo agilmente os dedos.
Aproximava-se a meia-noite quando uma grande mão esquelética apareceu perto da sua cabeça e gritou-lhe três vezes:
— Vês esta grande mão sem carne e sem sangue, que se ergue ao teu lado, alfaiate?
— Vejo-a — respondeu o alfaiate. — Mas tenho de concluir o meu trabalho e usar a minha linha e agulha a noite inteira.
A primeira badalada da meia-noite soou no instante em que o alfaiate terminava o seu último ponto. Tomou uma vela, desceu as escadas, passou pela sala capitular e chegou à porta quando soou a última badalada. A grande mão de esqueleto, no entanto, o perseguia.
Ao chegar à porta, a mão quis dar-lhe uma pancada, mas não o atingiu. O golpe foi desferido com tal força que a marca dos dedos do fantasma ficou gravada na ombreira da porta de pedra. A ainda hoje a marca pode ser vista, um pouco desvanecida, mas reconhecível.
Fonte: Légendes et Curiosités des Métiers, Ernest Fammarior Editor, séc. XIX.
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