O SACERDOTE MORTO - Conto Clássico de Terror - Pu Songling
O SACERDOTE MORTO
Pu Songling
(1640 – 1715)
Surpreendido em suas andanças pelas sombras da noite, um sacerdote taoista procurou refúgio num pequeno mosteiro budista, que estava fechado. Deitou, então, a sua esteira no vestíbulo e nela se sentou.
Em plena noite, quando tudo se fazia silencioso, ouviu que, atrás de si, a porta se abria. Olhando em volta, vislumbrou um sacerdote budista, coberto de sangue da cabeça aos pés, que parecia não notar a presença de quem quer que fosse. Por conseguinte, o viajante fingiu não estar ciente do que acontecia. Viu, então, o sacerdote budista entrar no santuário, subir no altar e permanecer ali por algum tempo. Alternadamente, abraçava a cabeça da imagem de Buda e ria.
Quando amanheceu, o viajante encontrou o quarto do monge ainda trancado; e, suspeitando que algo ali estava errado, caminhou até uma aldeia vizinha. Lá, contou às pessoas o que tinha visto.
Os aldeões voltaram com ele e invadiram o convento. Diante deles, estava o monge, encharcado de sangue. Evidentemente, havia sido morto por ladrões, que despojaram o local.
Ansiosos por descobrir o que fizera o espírito do sacerdote rir daquela maneira, começaram a inspecionar a cabeça da imagem de Buda no altar. No fundo, perceberam a presença de uma pequena marca. Raspando-a, descobriram uma soma de mais de trinta onças de prata. Essa quantia foi imediatamente utilizada para custear as despesas funerárias do monge assassinado.
Versão em português de Paulo Soriano, a partir da tradução inglesa de Hebert Giles (1845 – 1935).
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