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Mostrando postagens de setembro, 2025

A CASA DO DIABO - Conto Clássico de Horror - Guy-Péron

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A CASA DO DIABO Guy-Péron (? – 1931) Tradução de autor desconhecido do séc. XX — Não, senhores — declarou o velho guia que nos devia fazer visitar, nos arredores de Córdova, uma fazenda que datava da conquista do México pelos espanhóis. — Não, senhores, eu não os conduzirei esta noite à Barranca do Salto. O nosso guia era um velho guerrilheiro, cujo rosto magro e pálido, assinalado por um golpe de sabre, desaparecia, pela metade, sob o largo chapéu pontudo de pelo de lhama do Peru. — E por quê? — perguntei. — Por que não nos queres conduzir ao Barranco do Salto? — Porque é a casa do diabo! — explicou ele. A seguir, descansando o sabre sobre a mesa do albergue onde nos achávamos, ele esclareceu: — Vi, com estes olhos mortais, no Barranco do Salto, coisas espantosas. Quase fiquei louco. Foi isso no tempo em que eu fazia parte do bando do general Villa (que Deus tenha lá a sua alma!). Fazíamos às tropas do general Carranza 1 uma guerra atroz de guerrilheiros. “ Uma noite,...

O LUÍS DE OURO - Conto Clássico Fantástico - François Copée

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  O LUÍS DE OURO François Copée (1842 – 1908) Tradução de autor desconhecido do séc. XX Quando Lucien de Hem viu sua derradeira nota de cem francos recolhido pelo raspador do banqueiro e se levantou da mesa da roleta, onde perdera os restos de sua pequena fortuna, reunidos por ele para essa suprema tentativa, sentiu como uma vertigem e pensou cair. De cabeça tonta e pernas bambas, foi atirar-se sobre o largo banco forrado de couro que rodeava a sala de jogo. Durante minutos, olhou vagamente a espelunca onde desperdiçara os mais belos anos de sua mocidade, reconheceu as cabeças alinhadas dos jogadores, cruamente batidas pela claridade de três grandes quebra-luzes, escutou o ligeiro roçar do ouro sobre o pano verde, pensou que estava arruinado, perdido, recordou-se de que tinha em casa, numa gaveta, as pistolas reiunas, de que seu pai, o general de Hem, se servira corajosamente, quando capitão, no ataque de Zaatcha, e, depois, exausto, adormeceu profundamente. Quando de...

SINAIS VAMPÍRICOS - Narrativa Clássica Sobrenatural - Montague Summers

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SINAIS VAMPÍRICOS Montague Summers (1880 – 1948) Tradução de Paulo Soriano Observou-se que, num cemitério, frequentemente encontravam-se várias pequenas passagens, do tamanho do dedo de um homem, perfurando a terra; considerava-se, então, que, num sepulcro, a presença de semelhante saída de ar era um sinal inequívoco de que, em sendo feita uma investigação, descobrir-se-ia um cadáver com todas as evidências de vampirismo. Exumado o cadáver, perceber-se-ia — ainda que a morte houvesse ocorrido há muito tempo — que no corpo não haveria sinais de putrefação, nem vestígios de corrupção, nem de decomposição, senão apresentar-se-ia carnoso e de tez clara; o rosto, frequentemente, exibir-se-ia corado; o morto estaria inteiriço, como se num estado de sono profundo. Por vezes, os olhos estariam fechados; mas, com maior frequência, permaneceriam abertos, vidrados, fixos, a lançar um olhar feroz. Os lábios, profundamente túrgidos e vermelhos, estariam afastados dos dentes, que brilhariam lo...

VAMPIROS - Narrativa Clássica Sobrenatural - Pedro Norberto de Aucourt e Padilha

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VAMPIROS Pedro Norberto de Aucourt e Padilha (1704 – 1759 ) Em toda a Antiguidade se não acha caso mágico tão admirável como é o dos v ampiros 1 em Alemanha. Esta palavra na língua esclavônia significa sanguessugas , razão por que dão este nome a certos defuntos que foram acusados de virem chupar o sangue dos vivos e matá-los por este modo . E correndo a fama de semelhantes casos no distrito da Gradisch, na Esclavônia, por ordem do magistrado se mandou desenterrar o corpo de um destes vampiros, que diziam ter morto nove pessoas, a quem apareceu à noite e chupou o sangue. Desenterrado o seu corpo, o acharam inteiro com os cabelos e unhas crescidas, a pele branca e na boca sangue fresco. O carrasco lhe atravessou o coração com um pau agudo, do qual saiu muito sangue, e depois lhe cortaram a cabeça e queimaram o corpo. De outros muitos vampiros, que apareceram em diversos lugares de Hungria, se dá conta no Mercúrio político do mês de outubro de 1736; e, dos que aparecera...