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Mostrando postagens de agosto, 2024

O NAVIO FANTASMA - Conto Clássico de Terror - Ricciotto Canudo

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O NAVIO FANTASMA Ricciotto Canudo (1877 – 1923) Tradução de ator anônimo do início do séc. XX. O grande navio britânico deixou São Francisco com uma carga de cadáveres. E tomou o rumo da China, onde as leis religiosas do povo celeste querem que os seus filhos sejam sepultados. Entre estes dois mil chineses, o navio tinha o fúnebre orgulho de transportar um príncipe de sangue e a jovem princesa, com a sua escolta, todos mortos num acidente de estrada de ferro. Mas, na segunda noite de viagem, o navio teve a sua máquina completamente destruída por uma desgraça bastante difícil de explicar. E esta desgraça foi ainda maior por terem os maquinistas e os foguistas sucumbido asfixiados. O navio não possuía velas, e, sucedendo-se as tempestades sem cessar, o capitão, marinheiro tão perfeito, pela experiência da navegação, que parecia moldado na mesma matéria do seu navio, foi obrigado a entregar-se ao dispor das grandes correntes oceânicas. Os sinais de perigo ficaram sem resposta O n...

A DAMA DA ROSA BRANCA - Conto Clássico de Terror - Pedro de Répide

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A DAMA DA ROSA BRANCA Pedro de Répide (1882 – 1948) Tradução de autor anônimo do início do séc. XX Embora pareça conto, não é, mesmo que o protagonista do caso, quando o referisse, o fizesse cheio de uma funda emoção, recordando a indubitável realidade do acontecimento. Deu-se o fato com um jovem diplomata alemão, que vivia em Madri durante os turbulentos dias em que o conde de São Luís concitava sobre sua pessoa as iras liberais e preparava um grande movimento revolucionário, que se esperava a todo momento. Pouco depois, efetivamente, saía de seu esconderijo para Chamberi, na carruagem guiada pelo marquês da Vega de Armijo; o general Dulce dispunha o levante no Campo dos Guardas e começava a Vicalvarada. Era o prelúdio da Revolução de Julho, que terminaria com a volta de Espartero e a marcha da rainha Cristina, após uns dias tremendos de anarquia e delírio popular. Porém, enquanto mandavam os moderados, era quando a sociedade de Madri mais se divertia, e, melhor, exibindo-se no P...

A DEVORADORA DE CADÁVERES - Conto Clássico de Terror - Sabine Baring-Gold

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A DEVORADORA DE CADÁVERES Sabine Baring-Gold Tradução de Paulo Soriano No início do século XV, vivia em Bagdá um velho comerciante, cujos negócios o levaram à riqueza, e que tinha um filho único, a quem era ternamente apegado. Resolveu casar o rapaz com a filha de outro comerciante, uma garota de considerável fortuna, mas sem nenhuma atração pessoal. Abul-Hassan, o filho do comerciante, ao ver o retrato da moça, pediu ao pai que adiasse o casamento, pois precisava pensar a respeito. No entanto, de fazer isso, ele se apaixonou por outra garota, a filha de um sábio, e não deu paz ao pai até que ele consentisse no casamento com a dama de suas afeições. O velho se manteve firme o máximo que pôde, mas, ao descobrir que seu filho estava decidido a desposar a bela Nadilla — e estava, igualmente, decidido na rejeição à moça rica e despossuída de encantos —, ele fez o que a maioria dos pais, nessas circunstâncias, são obrigados a fazer: concordou. O casamento ocorreu com grande pompa e c...

A LENDA DA MÃE FANTASMA - Narrativa Clássica Lendária Sobrenatural - Li Qing

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A LENDA DA MÃE FANTASMA Li Qing (1602-1683) Uma mulher grávida veio a falecer longe da cidade onde morava e o seu marido teve de sepultá-la às pressas. No dia seguinte ao seu sepultamento, um vendedor ambulante recebeu, ao amanhecer, uma senhora. Viera ela, tão cedinho, comprar bolos e este fato se repetiu nos dias seguintes. — Senhora — perguntou o vendedor —, por que vens, todos os dias, assim tão cedo, todas as manhãs? A mulher, de triste semblante, respondeu: — O meu marido deixou-me, assim como a meu filho. Como não tenho leite materno para alimentá-lo, dói-me o coração ao ouvi-lo chorar. Por isto venho todas as manhãs, bem cedinho, comprar o bolo. Como todas as noites o comerciante apurava o seu ganho, verificou, perplexo, que, desde conhecera a mulher, passara a encontrar cédulas espirituais entre o dinheiro recebido. Logo intuiu que aquelas cédulas lhe eram entregues pela desconhecida. Um dia, para saber de quem se tratava a estranha, ele a seguiu. Notou que ela cam...

O ESPÍRITO DA ÁGUA - Narrativa Tradicional Sobrenatural - Liev Tolstói

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O ESPÍRITO DA ÁGUA (Narrativa tradicional) Texto reelaborado a partir de narrativa breve de Liev Tolstói Um pobre camponês, ao atravessar um rio caudaloso, havia perdido o seu único machado. Sentara-se à margem e, muito triste, pusera-se a chorar. O seu pranto foi ouvido pelo justo Espírito da Água, que se apiedou do pobre trabalhador. Tendo mergulhado na água, a rigorosa entidade voltou com um machado de ouro na mão. — É este o teu machado? — perguntou ao camponês, que, de pronto, respondeu: — Não. Este não é o meu machado. Em seguida, o Espírito da Água trouxe outro machado, de prata, indagando: — Este é o teu machado? Novamente, o camponês respondeu que não. O Espírito da Água, então, trouxe o machado verdadeiro, indagando: — Diz-me, agora, se este é o teu machado. — Sim, este é o meu machado — respondeu, feliz, o pobre camponês. Satisfeito com a honestidade do pobre homem — que dissera apenas a verdade —, o Espírito da Água recompensou-o com os três macha...

O SACERDOTE MORTO - Conto Clássico de Terror - Pu Songling

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O SACERDOTE MORTO Pu Songling (1640 – 1715) Surpreendido em suas andanças pelas sombras da noite, um sacerdote taoista procurou refúgio num pequeno mosteiro budista, que estava fechado. Deitou, então, a sua esteira no vestíbulo e nela se sentou. Em plena noite, quando tudo se fazia silencioso, ouviu que, atrás de si, a porta se abria. Olhando em volta, vislumbrou um sacerdote budista, coberto de sangue da cabeça aos pés, que parecia não notar a presença de quem quer que fosse. Por conseguinte, o viajante fingiu não estar ciente do que acontecia. Viu, então, o sacerdote budista entrar no santuário, subir no altar e permanecer ali por algum tempo. Alternadamente, abraçava a cabeça da imagem de Buda e ria. Quando amanheceu, o viajante encontrou o quarto do monge ainda trancado; e, suspeitando que algo ali estava errado, caminhou até uma aldeia vizinha. Lá, contou às pessoas o que tinha visto. Os aldeões voltaram com ele e invadiram o convento. Diante deles, estava o monge, enc...