Postagens

Mostrando postagens de abril, 2025

O MISTÉRIO DA PONTE THOR - Conto Clássico de Mistério - Arthur Conan Doyle

Imagem
O MISTÉRIO DA PONTE THOR Arthur Conan Doyle (1859 – 1930) Tradução de autor anônimo do séc. XX —Conhece Neil Gibson, o rei do ouro? — perguntou-me subitamente Holmes, após um dos longos silêncios a que eu já me habituara. —O senador norte-americano? —Sim. Representou não sei que Estado no Senado de Washington, mas é famoso, principalmente, como financista, magnata de Wall Street, senão do mundo, porque há cinco anos saiu de seu país e instalou-se na Inglaterra para mais de perto dirigir o mercado de câmbio europeu. —Ah!… Agora me lembro. Enviuvou recentemente de um modo trágico. —Duplamente trágico. E, agora, reclama meus serviços. —Para descobrir o assassino de sua esposa? — Não. Ao contrário… Quero dizer: não se trata propriamente disso. Mas leia a carta que recebi dele. E Holmes entregou-me uma folha de papel na qual o multimilionário escrevera com mão firme, autoritária, as seguintes linhas: “Claridge Hotel, 3 de dezembro. Caro Sr. Holmes. Não me posso res...

UM PIGARRO NAS TREVAS - Narrativa Verídica Sobrenatural - Rogério S. de Farias

Imagem
UM PIGARRO NAS TREVAS Rogério S. de Farias Senhores, senhoras leitoras… o sobrenatural está ao nosso lado. Todos os dias, todas as noites, nós os vemos e ouvimos. Nós, os loucos, os poetas, os sonhadores do terror e da morte, pelo menos. Certa noite, adormeci tranquilo, coisa rara. Pela janela do quarto, as estrelas brilhavam, aziagas e belas. Caros senhores leitores, caras senhoras leitoras. A noite estava quieta. Uma aragem suave penetrava, afoita, na minha câmara onírica, a minha alcova de pensamentos abissais e solidão majestosa. As portas e janelas, todas fechadas. Trancafiadas por dentro para a proteção contra eventuais marginais que perambulam na escuridão da noite para furtar. Menos a janela, no alto do edifício onde moro. Cumpre salientar, seria quase impossível um ladrão escalar para roubar e assaltar, dada as prístinas características arquitetônicas de minha morada. Ocorreu então o píncaro do fantástico, do terror, do insólito. No quarto fechado por dentro, eu, o so...

DOIS CASOS DE COMBUSTÃO ESPONTÂNEA - Narrativa Clássica Sobrenatural - David Brewster

Imagem
DOIS CASOS DE COMBUSTÃO ESPONTÂNEA David Brewster (1781 – 1868) Tradução de Paulo Soriano Um dos mais notáveis casos ​​de combustão espontânea foi o da Condessa Cornelia Zangari e Bandi, de Cesena, minuciosamente descrito por Giuseppe Bianchini, cônego da cidade de Verona. A referida senhora, que contava sessenta e dois anos, retirou-se à cama em normal estado de saúde. No quarto, passou mais de três horas a conversar familiaridades com a sua empregada e a fazer orações. Tendo finalmente adormecido, fechou-se a porta do quarto. Não tendo sido chamada à hora de costume, a empregada correu à alcova da sua senhora. Não recebendo, todavia, qualquer resposta, abriu a janela e viu o cadáver da senhora no chão, na mais terrível condição. A uma distância de quatro pés da cama havia um monte de cinzas. As pernas, envoltas em meias, permaneceram intocadas, e a cabeça, meio queimada, estava entre elas. O restante do cadáver, quase todo, fora reduzido a cinzas. No quarto, a atm...

O FANTASMA DO TEMPLO - Conto Clássico Sobrenatural - Koizumi Yakumo

Imagem
O FANTASMA DO TEMPLO Koizumi Yakumo (Lafcadio Hearn) (1850 – 1904) Tradução de Paulo Soriano Somente uma vez na minha vida tive uma experiência estranha que não consegui explicar facilmente. Na época, eu estava em Kyushu 1 — era então um jovem noviço — e realizava o meu meu gyo — a peregrinação que todo noviço tem que fazer. Certa noite, enquanto viajava por um distrito montanhoso, cheguei a uma pequena vila onde havia um templo da seita z en . Fui até ele pedir hospedagem, de acordo com nossas regras. Descobri, todavia, que o sacerdote fora a um funeral numa vila a várias milhas de distância, deixando uma velha monja encarregada do templo. Disse-me ela que não poderia me receber durante a ausência do sacerdote, e que ele não voltaria antes de sete dias… Naquela parte do país, o costume obriga um sacerdote a recitar os sutras e a realizar os rituais religiosos, diariamente, durante sete dias, na casa de um fiel morto… Disse-lhe que não queria comida, mas apenas um lugar ...

AS TERRÍVEIS PROFECIAS DE CAZOTTE - Narrativa Clássica Verídica de Horror - Jean-François de La Harpe

Imagem
AS TERRÍVEIS PROFECIAS DE CAZOTTE Jean-François de La Harpe (1739 – 1803) Tradução de autor anônimo do séc. XX Pareceu-me que foi ontem, e, no entanto, foi no começo do ano de 1788. Estávamos à mesa na casa de um dos confrades da Academia, nobre e jovem, cheio de espírito. A reunião era numerosa e de todas as categorias: gente da corte, juízes e advogados, literatos, acadêmicos etc. Havia, como sempre, uma mesa lauta. A sobremesa, os vinhos de Malvoise e de Constance uniram à alegria das boas companhias esta espécie de liberdade que não escolhe nunca lugar nem classe. Chegamos a um ponto, no mundo, onde tudo é permitido para fazer rir. Chamfort leu uns contos ímpios e libertinos, e as empregadas ouviram sem se socorrerem dos aventais. De um lado, um dilúvio de gracejos sobre religião. Um, citava uma tirada de Pucelle; outro, os versos filosóficos de Diderot: E com as entranhas do último padre, Apertas o pescoço do último rei. Houve aplausos. Um terceiro levanta-se e, pegando...