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O FANTASMA DA SENHORA DAVENPORT - Conto Clássico de Terror - Frederik P. Schrader

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O FANTASMA DA SENHORA DAVENPORT Frederik P. Schrader (1857 – 1943) Tradução de Paulo Soriano   Por volta das três horas da tarde do dia 3 de fevereiro, o professor Davenport e a senhorita Ida Soutchotte — uma jovem muito pálida e delicada, que se havia submetido às sessões de Devenport por vários anos — terminavam o jantar num quarto do segundo andar de um hotel de Nova York. O professor Benjamin Davenport era uma celebridade, mas se dizia que ele devia a sua fama a meios um tanto questionáveis. Os principais espiritualistas não depositavam no doutor a mesma confiança que manifestamente assentavam em William Crookes ou Daniel Douglas Home.   — Médiuns gananciosos e sem escrúpulos — dizia o autor de Spiritualism in America — são os responsáveis pelos mais sombrios ataques à nossa causa. Quando as materializações não acontecem tão rapidamente quanto as circunstâncias exigem, esses médiuns recorrem a truques e fraudes para se livrarem do problema.   O prof...

O SINAL - Conto Clássico Trágico - Vsevolod Garshin

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  O SINAL Vsevolod Garshin (1855 – 1888)   Semyon Ivanov era um operário de ferrovia. Sua cabana ficava a dez verstas de uma estação ferroviária, numa direção, e a doze verstas na outra. Havia, a cerca de quatro verstas dali, a uma fábrica de algodão, inaugurada no ano anterior, cuja alta chaminé erigia-se, sombria, por detrás da floresta. As únicas moradias ao redor eram as cabanas distantes de outros operários. A saúde de Semyon Ivanov estava completamente abalada. Nove anos atrás, servira, durante a guerra inteira, como servo de um oficial. O sol o assara, o frio o congelara e a fome o consumia nas marchas forçadas — de quarenta e cinquenta verstas por dia —, submetido ao calor e ao frio, à chuva e ao sol. As balas zuniram sobre ele, mas — graças a Deus! — jamais um inimigo o alvejou. O regimento de Semyon já esteve na linha de fogo. Durante uma semana inteira houve escaramuças com os turcos, e apenas uma profunda ravina separava os exércitos inimigos. Da manhã à noite, hav...

O HIPNOTIZADOR DE RATOS - Conto Clássico Sobrenatural - Prosper Mérimée

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  O HIPNOTIZADOR DE RATOS Prosper Mérimée (1803 – 1870) Tradução de autor anônimo do início do séc. XX     Há muitos anos, a população de Hamelin foi atormentada por uma inumerável multidão de ratos que vinha do Norte, em bandos tão cerrados que a terra estava toda coberta deles. Um carroceiro não ousaria, com a sua carroça e os seus cavalos, passar por um caminho por onde esses animais desfilassem. Tudo era rapidamente devorado por eles; e, numa granja, esses ratos tinham menos trabalho de comer uma tonelada de trigo que eu de beber um copo de vinho... Ratoeiras, armadilhas, venenos eram inúteis. Mandaram vir de Bremen um navio carregado com mil e cem gatos; mas de nada isso serviu. Por mil que se matavam, dez mil surgiam, e mais esfaimados que os primeiros. Numa palavra, se não se achasse um remédio para esse flagelo, nem um grão de trigo restaria em Hamelin e todos os habitantes morreriam de fome. Eis, porém, que numa certa sexta-feira, se apresenta diant...

AS PUPILAS FALANTES - Conto Clássico Fantástico - Pu Songling

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  AS PUPILAS FALANTES Pu Songling (1640 – 1715)   Vivia em Ch'ang-ngan um erudito, chamado Fang Tung, que, embora não fosse destituído de talento, era um libertino sem princípios e tinha por costume de seguir e conversar com qualquer mulher que, por acaso, encontrasse.   Um dia antes do Festival de Primavera de Tempo Limpo, passeava ele fora da cidade, quando viu uma pequena carruagem com cortinas vermelhas e toldo bordado, seguida de muitas criadas, montadas a cavalo. Dente elas, havia uma jovem imensamente bela, que seguia num pequeno palafrém. O Sr. Fang, acercando-se para obter uma melhor visão, percebeu que a cortina da carruagem estava parcialmente aberta; lá dentro, o erudito contemplou uma jovem mulher, lindamente vestida, de cerca de dezesseis anos. A moça parecia-lhe a coisa mais adorável que já teria visto. Deslumbrado com aquela visão, Fang não conseguia tirar os olhos da mulher; e, ora na frente, ora atrás, ele seguiu a carruagem por muitas milha...

SANTA ADORATA - Conto Clássico Fúnebre - Guillaume Apollinaire

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  SANTA ADORATA Guillaume Apollinaire (1880 – 1918) Tradução de Paulo Soriano     Para Fernando Molina   Certa feita, visitei a igrejinha de Szepeny, na Hungria, e lá me mostraram um relicário muito venerado. — Ele contém o corpo de Santa Adorata — disse-me o guia. — Já se passaram quase sessenta anos da descoberta do túmulo, perto de onde estamos. Não há dúvida de que a santa foi martirizada nos primórdios do cristianismo, quando da ocupação romana. Era a época da evangelização de Szepeny, realizada pelo diácono Marcelino, que assistira à crucificação de São Pedro. “Com toda a probabilidade, Santa Adorata foi convertida pelo do diácono e, após o martírio, os padres romanos sepultaram os seus despojos. Acredita-se que Adorata seja apenas a tradução latina de um nome pagão, pois não se crê que ela tenha recebido outro batismo que não o do sangue. Tal nome não suscita ideias cristãs; contudo, a boa conservação do corpo, que se achava intacto depois ...