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A MORTE QUE ESPREITA - Conto Clássico de Mistério - Maurice Leblanc

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A MORTE QUE ESPREITA Maurice Leblanc (1864 – 1941) Tradução de autor anônimo do séc. XX Depois de contornar os muros do castelo, Arsène Lupin voltou ao ponto de partida, decidido a empregar o grande recurso. Penetrando na espessa moita onde escondera a motocicleta, apanhou um rolo de corda sob o selim e dirigiu-se para o ponto em que árvores grandes, pertencentes ao parque, deitavam os galhos por cima do muro. Fixando uma pedra na ponta da corda, Lupin atirou-a para cima, puxou um galho grosso, montou-o e deixou que ele se reerguesse, suspendendo-o da terra. Não havia outro meio para entrar no vasto domínio de Maupertuis. De longe, examinou o castelo, com o auxílio de um binóculo, estudando-lhe a fachada triste e sombria. Todas as janelas estavam fechadas e tinha-se a impressão de um lugar desabitado. Nisso, uma das portas do térreo abriu-se, dando passagem a uma silhueta feminina, muito esbelta, envolta num capote preto. Passeou de um lado para outro, dando migalhas de pão aos p...

CIÚMES ANDALUZES - Conto Clássico Cruel - Ítala Gomes Vaz de Carvalho

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CIÚMES ANDALUZES Ítala Gomes Vaz de Carvalho (1892 – 1948) Em tempos que já lá vão, o marquês Álvaro Pedro Fuentes y Alcántara y Bienvenide Gomez Pereira, grande de Espanha, e par de Inglaterra pela nobre pureza de um sangue anilado há mais de séculos, chegado em plena força viril aos sessenta anos de idade, sentiu derreter-se-lhe o coração, envolto em velhos pergaminhos, por Miguelita, a mais formosa donzela da Estremadura. Casaram! O solene marquês, embevecido, levara em triunfo a sua linda noiva a tomar conhecimento e fosse das terras infindáveis, dos numerosos castelos medievais e das riquezas de baixela e de arte que enchiam as salas imensas de suas vetustas casas patrícias. A árvore genealógica da ilustre família figurava, imponente e pesada da espessa ramada, presa à parede do salão de honra, entre o retrato a óleo de Dom Alonso de Alcántara, camareiro do tenebroso rei Filipe, e o de Dom Alexandre Fuentes, encarniçado inquisidor do mesmo rei. — Aqui tens indicada a tua...

A EXECUÇÃO DE RAMIRO DE ORCO - Narrativa Clássica Verídica Cruel - Nicolau Maquiavel

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A EXECUÇÃO DE RAMIRO DE ORCO Nicolau Maquiavel (1469 – 1527) Tradução anônima Tomada que foi a Romanha, encontrando-a dirigida por senhores impotentes, os quais mais depressa haviam espoliado os seus súditos do que os tinham governado, dando-lhes motivo de desunião ao invés de união, tanto que aquela província era toda ela cheia de latrocínios, de brigas e de tantas outras causas de insolência, o duque [César Bórgia] julgou necessário, para torná-la pacífica e obediente ao poder real, dar-lhe bom governo. Por isso, aí colocou Ramiro de Orco, homem cruel e solícito, ao qual deu os mais amplos poderes. Este, em pouco tempo, tornou-a pacífica e unida, com mui grande reputação. Depois, entendeu o duque não ser necessária tão excessiva autoridade, e isso porque não duvidava pudesse vir a mesma a tornar-se odiosa; instalou um juízo civil no centro da província, com um presidente excelentíssimo, onde cada cidade tinha o seu advogado. E, porque sabia que os rigorismos passados tin...