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O PERSEGUIDO - Conto Clássico Sobrenatural - Charles Warrel

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O PERSEGUIDO Charles Warrel (Sécs. XIX e XX) Tradução de autor desconhecido do séc. XX Numa mesa da estalagem “Os Três Pescadores”, por uma noite fria e úmida de dezembro, o Juiz Mendrick saboreava algo de bom num cálice, revolvendo na mente o acontecimento que o enchia de uma sensação de triunfo, de ódio satisfeito. Ao amanhecer, Reger Grelock seria enforcado. Lá fora, o vento sibilava, uivava e gemia. O Natal não seria nada festivo com semelhante frio e essas contínuas tempestades vento e neve. Lembrando-se de que, por causa da neve, teria de voltar para casa a pé, o juiz teve uma careta de mau humor. Enfim, era apenas meia légua e haveria luar. Tragou o resto do licor, pagou, agasalhou-se e saiu sob o sorriso servil do estalajadeiro. No interior, ficaram alguns lavradores que, tendo visto sair o juiz, puseram-se a conversar: — Foi o marido de Setty Sardone que ele condenou à forca — disse um. — Ouvi dizer que foi por furtar um cavalo. — Infeliz, meio enlouquecido pela do...

O QUE OS GATOS VEEM… - Conto Clássico Sobrenatural - Félix Lorenzo

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O QUE OS GATOS VEEM… Félix Lorenzo (1879 – 1933) Tradução de autor anônimo do séc. XX Quando o gato desperta, de súbito, e com os olhos iluminados por brasas interiores, olha fixamente para um determinado ponto à distância, que misterioso contato lhe há sacudido os nervos, que imperceptível chamamento há sobressaltado a sua atenção? Os nossos sentidos não hão observado ruído nem movimento. Não estalou um móvel, não soou um inseto, nem vibrou folha de papel roçada pela brisa. O gato, no entanto, parece petrificado: não há no seu olhar ânsias de fato, mas sim um estranho deslumbramento; não lhe corre pela espinha dorsal o tremor característico que sempre lhe produzem as sensações inesperadas. Ao fim de uns segundos, sai do seu êxtase; recolhe-se e volta a dormir... Por certo, já o havereis notado milhares de vezes. Esse fato tão comum e familiar não pôs no vosso pensamento um certo temor vago e confuso, como se proviesse de insondáveis regiões psíquicas? Desde que, pela vez pr...

NA CASA DE SUDDHOO - Conto Clássico Pseudo-sobrenatural - Rudyard Kipling

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NA CASA DE SUDDHOO Rudyard Kipling (1865 – 1936) Tradução de W. E. (Séc. XX) A casa de Suddhoo, bem perto da porta de Taysali, tem um andar com quatro janelas de velha madeira escura esculpida e um teto chato. Podeis reconhecê-la por cinco cartazes vermelhos, impressos a mão, e dispostos como o cinco de ouros sobre a caiadura, entre as janelas do alto. Bhagwan-Dass, o bun ni a 1 , e um homem que, diz ele, ganha a vida gravando sinetes, moram no rés do chão, com seu bando de mulheres, criados, amigos e familiares. Os dois quartos do alto eram habitualmente ocupados por Janoo e Azizun, assim como por um pequeno terrier preto e castanho, que fora roubado a um inglês, e oferecido a Janoo por um soldado. Hoje, só Janoo mora nos quartos de cima. Suddhoo dorme geralmente no telhado, a menos que durma na rua, mas, na estação fria, vai habitualmente a Peshawar visitar o filho, que vende curiosidades perto da porta de Edwards, e então dorme sob um verdadeiro teto de terra. Suddhoo é meu gran...

O PEQUENO CADÁVER - Conto Clássico Sobrenatural - René Bizet

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O PEQUENO CADÁVER René Bizet (1887 – 1947) Tradução de autor desconhecido do séc. XX A tempestade não cessara durante a noite toda, atirando-se contra as rochas do litoral, as árvores e as casas da aldeia. Ao amanhecer, uma viração fresca veio do mar, animando os pescadores a correr ao porto, a ver se as suas embarcações não haviam desgarrado. Finda a missa das sete horas, Honedic ouviu gritos em direção da ponte: — Há um cadáver na praia! Rapidamente a notícia correu a vila, indo todos, homens e mulheres, para o local onde se gritava. Era um cadáver de recém-nascido, que o mar ali atirara desumanamente. — Pobrezinho! Era um negrinho. Vinha da direção dos Antilhas e despertava, pela cor, a curiosidade que desperta um passarinho morto, essa curiosidade impiedosa e indiferente para os moradores do lugar, que se sentiram ao mesmo tempo felizes por ver que não era gente deles nem de portos vizinhos. Enterrá-lo no cemitério? Mas isso seria uma profanação para o lugar sagrad...

EXPULSOS POR UM FANTASMA - Narrativa Verídica Sobrenatural - Autor anônimo do séc. XX

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EXPULSOS POR UM FANTASMA Autor anônimo do séc. XX — É um espírito e não combate com lealdade — disse Fred Koett, um fazendeiro de Great Bend. Estas palavras não são aceitáveis, mas quem poderá censurar a conduta e as palavras de Fred Koett quando souber o que lhe aconteceu? Abandonou a casa mal-assombrada, deixando as colheitas secarem nos campos e mudando-se com a mulher e filhinho para um lugar remoto onde pudesse se refazer das noites mal passadas e acalmar os nervos abalados. O mais estranho é que as aparições se deram na fazenda que viu nascer Koett e o hospedou quarenta e um anos, sem que ele notasse jamais a presença de um espirito. ATRÁS DA VIDRAÇA Os males começaram há alguns meses e justamente quando o rico fazendeiro casou a segunda vez com uma jovem de vinte e um anos. Nada estranho aconteceu na lua de mel dos noivos; porém, o primeiro dia que voltaram em casa cara, às oito e meia da noite, começaram as singularidades. Quando a Sra. Koett estava no andar s...