A VINGANÇA DO CADÁVER DE SEVILHA - Narrativa Clássica de Horror - Anônimo do sec. XIX
A VINGANÇA DO
CADÁVER DE SEVILHA
Anônimo do sec. XIX
No
mês passado, um habitante de Sevilha, que era considerado rico, caiu com um
ataque na rua da Serpe, daquela cidade. Conduziram-no para a casa e decidiu-se
que o homem estava morto. Como não tinha família, e tinha dinheiro, uns
vizinhos prestaram-se logo a tomar conta do cadáver e tratar do enterro.
Amortalharam-no com um hábito qualquer, meteram-no em um caixão, colocaram-no
quatro tocheiros dos lados e ficaram a velá-lo, com a porta fechada.
Logo
que chegou a noite, abandonaram o cadáver e trataram de dar buscas aos armários
e gavetas, procurando o dinheiro que o morto deveria possuir. Quando, porém,
estavam arrombando um cofre muito sagrado onde existia o dinheiro,
apareceu-lhes o “morto”, trazendo na mão uma das tochas que tinham deixado a
alumiá-lo.
Os
gatunos, espavoridos com a aparição que julgaram ser uma alma de outro mundo,
atiraram-se de joelhos, pedindo misericórdia. Mas o “morto”, vendo o serviço em
que os encontrou ocupados, desatou a esbordoá-los com a tocha e — quando esta
se quebrou, com um cacete — os pôs na rua com as costelas em mísero estado.
O
morto, que tinha sofrido um ataque nervoso, espécie de catalepsia a que era
sujeito, deu graças a Deus pela “ressurreição” a tempo de evitar que os
caridosos vizinhos o aliviassem do dinheiro que possuía. O “defunto” está com
mais saúde do que os seus “guardiões”, que tiveram de curar as costelas, tão
bem merecidamente apalpadas pela tocha e pelo cacete.
Fontes: “Gazeta do
Sul”/SC, edição de 5 de junho de 1891; “A República”/PA, edição de 15 de maio
de 1891.
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