O SONHO - Conto Clássico de Horror - O. Henry

O SONHO 1 O. Henry (1862 – 1910) Tradução de Paulo Soriano Murrey teve um sonho. Tanto a psicologia quanto a ciência tateiam quando nos tentam explicar as estranhas aventuras de nosso ser imaterial quando vagamos pelo reino do “irmão gêmeo da Morte, o Sono”. Este relato não tem escopo esclarecedor. Limita-se a registrar o sonho de Murray. Uma das fases mais intrigantes dessa vigília do sono é que sonhos, que parecem abarcar meses — ou mesmo anos —, podem ocorrer em poucos segundos ou minutos. Na ala dos condenados à morte, Murray aguardava a execução. Um foco de luz elétrica, pendente do teto do corredor, incidia intensamente sobre a sua mesa. Numa folha de papel branco, uma formiga corria descontroladamente por aqui e ali, enquanto Murray bloqueava seu caminho com um envelope. A eletrocussão estava marcada para as oito horas da noite. Murray sorriu para as agitadas correrias do mais sábio dos insetos. Havia outros sete condenados no pavilhão. Desde que lá estava, Murray vira três...