Postagens

Mostrando postagens de janeiro, 2025

AS TRÊS FOLHAS DA SERPENTE - Conto Clássico de Horror - Irmãos Grimm

Imagem
AS TRÊS FOLHAS DA SERPENTE Irmãos Grimm (Jacob Grimm [1785 – 1863] e Wilhelm Grimm [1786 – 1859]) Era uma vez um pobre homem que já não conseguia sustentar seu único filho. Então, disse o jovem a seu pai: — Querido pai, estás tão miserável! Para ti, eu sou um fardo! Prefiro, pois, ir-me embora e arranjar o pão de cada dia. O pai deu-lhe a bênção e despediu-se do filho com grande tristeza. Naquele tempo, o monarca de um poderoso reino estava em guerra. O jovem ingressou em suas fileiras e o acompanhou no combate. Chegados diante do inimigo, travou-se uma batalha. Instaurou-se um grande perigo; as balas choviam, de modo que seus camaradas caíram por todos os lados. E quando tombou o comandante, os soldados quiseram debandar, mas o jovem, à frente de todos, encorajou-os e gritou: — Avante! Não deixemos perecer a nossa pátria! E assim, seguido por seus companheiros, o jovem arrojou-se contra o inimigo e o derrotou. O rei, sabendo que a ele deveria creditar a vit...

O FANTASMA DO CASTELO DE ARDIVILLERS - Narrativa Verídica de Mistério - Collin de Plancy

Imagem
O FANTASMA DO CASTELO DE ARDIVILLERS (Excerto) Collin de Plancy (1794 – 1881) Tradução de Paulo Soriano No Castelo d'Ardivilliers, perto de Breteuil, na Picardia, durante a juventude de Luís XV, um espírito costumava aparecer, fazendo um barulho terrível, e, durante toda a noite, havia chamas que faziam o castelo parecer pegar fogo. Eram uivos assustadores, mas isso só acontecia em determinadas épocas do ano, por volta do Dia de Todos os Santos. Ninguém se atrevia a permanecer naquele lugar, exceto o lavrador do castelo, com quem o espírito se acostumara. Se algum infeliz transeunte dormisse lá uma noite, era de tal modo estrangulado que ficava com marcas por mais de seis meses. Os camponeses das redondezas viam mil fantasmas, o que aumentava o medo. Certa feita, alguém vira uma dúzia de espíritos pairando sobre o castelo; todos eram ígneos fogo e bailavam uma dança campestre; noutra, magistrados e conselheiros com vestes rubras foram visto num prado, sentados e condenando ...

O SÍNODO DO CADÁVER - Narrativa Clássica Verídica de Horror - Johann Peter Kirsch

Imagem
O SÍNODO DO CADÁVER Johann Peter Kirsch (1861 – 1913) Tradução de Paulo Soriano Sob Estêvão VI, sucessor de Bonifácio VI, o Imperador Lamberto e Ageltrude recuperaram sua autoridade em Roma no início de 897, tendo renunciado às suas reivindicações à maior parte da Itália Alta e Central. Como Ageltrude estava determinada a se vingar de seu oponente, o papa Formoso, mesmo após a morte deste, o papa Estêvão VI se prestou à revoltante cena de julgar o seu predecessor. No sínodo convocado para essa finalidade, Estêvão ocupou a cátedra; o cadáver, vestido com vestes papais, foi retirado do sarcófago e sentado em um trono; próximo a ele estava um diácono, designado para, em seu nome, responder, revividas, a todas as antigas acusações formuladas contra Formoso sob João VIII. A sentença foi a de que o falecido era indigno do pontificado — que ele não poderia ter recebido validamente —, já que era bispo de outra sé. Todas as suas medidas e atos foram nulificados, e todas as ordens co...

UM TAPA NA FACE DO MORTO-VIVO - Conto Clássico de Horror - Yuan Mei

Imagem
UM TAPA NA FACE DO MORTO-VIVO Yuan Mei (1716 – 1797) Um homem chamado Qian, de Tongcheng, vivia nos arredores de Yifengmen. Certa noite, quando pretendia voltar para casa, às duas da madrugada, os seus companheiros aconselharam-no a partir somente quando amanhecesse. Qian, porém, recusou-se a fazê-lo. Assim, montou o seu cavalo, com uma lanterna, e viajou em pleno estupor da embriaguez. Quando chegou a Sojiawan, onde havia um cemitério mui povoado de túmulos, Qian viu uma entidade a saltar do matagal, com os cabelos desgrenhados, os pés descalços e as faces lívidas. O cavalo, muito assustado, estacou; a lanterna adquiriu um tom esverdeado. Qian Yi estava bêbedo e, portanto, cheio de coragem. Por isso, deu uma bofetada na cara da aparição, cuja cabeça rodopiou. Mas, depois de um tempo, a coisa voltou a si. Então, a aparição avançou para o seu agressor, como se fosse um fantoche impelido pelo vento sombrio. Felizmente, tendo alguém dele se aproximado pela retaguarda...

A COBRA SAGRADA - Narrativa Clássica Cruel - Henry Rider Haggard

Imagem
A COBRA SAGRADA (Excerto de ‘As Minas do Rei Salomão’) Henry Rider Haggard (1856 – 1925) Tradução de Eça de Queiroz (1845 – 1900) Infandós começou então uma dessas histórias de pretendentes e de guerras dinásticas, que abundam em todos os continentes. O pai dele, Kapa, que era o rei dos Kakuanas, tivera por primeiros filhos, da primeira mulher (ele, Infandós, era filho duma concubina) dois gêmeos. Ora, a lei dos Kakuanas manda que de dois gêmeos reais o mais fraco seja sempre destruído. Mas a mãe, por piedade e amor, escondeu o gêmeo mais fraco, que se chamava Tuala, e, ajudada por Gagula, educou-o em segredo numa caverna. Quando Kapa morreu, o gêmeo mais velho, que se chamava Imotu, foi, portanto, rei; e, logo depois, teve da sua mulher favorita um filho por nome Ignosi. Ora, por esse tempo passara a guerra com os povos do Norte: os campos não tinham sido semeados; veio uma fome; e havia grande miséria e dor entre o povo, que, como uma fera esfaimada, rosnava, procuran...

LANÇAMENTO - ORLANDO ELEFANTE Y OTROS CUENTOS - Campo Ricardo Burgos López - After the Storm Editorial

Imagem
ORLANDO ELEFANTE Y OTROS CUENTOS Campo Ricardo Burgos López O que você faria se Deus decidisse abandonar o Universo? Como você reagiria se o Cosmos se tornasse seu inimigo pessoal? Ou se a beleza e a perfeição se tornassem uma prisão? Em “ Orlando Elefante y otros cuentos ”, o autor colombiano Campo Ricardo Burgos López nos convida a explorar essas inquietantes possibilidades por meio de histórias que desafiam nossa percepção da realidade. “ Orlando elefante y otros cuentos ” é uma breve obra, que compila cinco relatos de tom fantástico. Nestes contos, que se movem entre a ficção científica e a ficção especulativa, o extraordinário irrompe no cotidiano e transforma a vida de seus protagonistas em algo profundamente filosófico e desconcertante. Burgos López combina uma imaginação desbordante com uma escrita que cativa, criando um universo literário em que nada é o que parece ser e tudo está aberto à reinterpretação. O livro, escrito em espanhol, é publicado pele edit...

GRITOS NA SALA OESTE - Narrativa Clássica Sobrenatural - Lorde Halifax

Imagem
GRITOS NA SALA OESTE Lorde Halifax (Charles Lindley Wood) (1839 – 1934) Tradução de Paulo Soriano Farei uma clara narrativa dos fatos, tais como ocorreram, sem qualquer tentativa de embelezá-los ou engrandecê-los. No início de 1835, meu irmão John ficou gravemente enfermo e, por várias semanas, sua vida esteve em risco. Uma crise chegou e passou, seguida por uma quinzena de esperança e desespero mesclados. No final daquele período, seu estado de saúde experimentou uma tão expressiva melhora que toda a família alimentou as mais promissoras esperanças de sua recuperação, com exceção de sua mãe e tia, que continuaram muito ansiosas, enquanto os médicos não se dispuseram a dar um diagnóstico decididamente favorável. Eram entre cinco e seis horas de uma bela noite de primavera, no final de março. O Sol poente iluminava alegremente a sala oeste, onde três irmãs de John e seu irmão William estavam sentados, tendo acabado de deixar o pai na sala de jantar. A mãe e a tia haviam retornad...

TEORIAS - Conto Clássico de Cruel - Valentim Magalhães

Imagem
TEORIAS Valentim Magalhães (1859 – 1903) — Com que então o júri absolveu o Malheiros? — Que Malheiros? — Aquele sujeito que em maio do ano passado, tendo surpreendido a mulher em flagrante delito de adultério, matou-a e ao amante, com alguns tiros de revólver — explicou Tancredo. — Ah! Sim, recordo-me. Mas não vi a notícia, disse Frederico. — Pois veio nas folhas. O júri reconheceu a justificativa da loucura transitória — uma tolice; mas a absolvição era justa, porque a condenação seria imoral, tão provado ficara o adultério. Frederico ergueu-se da chaise longue , foi a um guér i don de fumante, tomou e acendeu um charuto, deu alguns passos pelo gabinete, com ar pensativo. Parou depois em frente do amigo: — Queres que te fale com franqueza, meu caro Tancredo? E, a um sinal afirmativo deste: — Pois bem; acho que foi injusta e imoral a absolvição; que a condenação do assassino é que seria justa e moral. — Mas se o homem apanhou a mulher com a boca na botija, como diz...