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LADRÕES DE CADÁVERES - Narrativas Verídicas de Horror - Henry Frichet

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LADRÕES DE CADÁVERES Henry Frichet (? – 1941) Tradução de autor anônimo do início do séc. XX Há bem pouco tempo, os jornais parisienses anunciavam que a sepultura da encantadora atriz Lantelme havia sido profanada por ladrões, que a escavaram, a fim de roubarem as admiráveis joias que morta levava consigo. A pobre carne adormecida sofreu o odioso contato de mãos ávidas, mas o medo—o medo que apaga a razão — obrigou os ladrões a abandonarem os sinistros despojos, e eles fugiram apavorados… Os autores desses odiosos atentados foram, em todos os tempos, qualificados de “vampiros”, naturalmente porque evocam a ideia desses monstruosos morcegos da América Equatorial, que se alimentam do sangue dos viajantes que dormem pelo caminho. Na Idade Media, dava-se também o nome de vampiros aos pretendidos fantasmas que surgiam da sombra dos túmulos, e cuja existência fluídica era conservada pela absorção do sangue dos seres que eles escolhiam para suas vítimas. Os horríveis detalhes do aten...

A PINTURA EQUESTRE - Conto Clássico Sobrenatural - Pu Songling

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A PINTURA EQUESTRE Pu Songling (1640 – 1715) Cui Sheng, de Linqing, Shandong, vivia em uma casa modesta, com um muro arruinado circundando o pátio. Nele, todas as manhãs, ao acordar, vislumbrava um cavalo deitado à relva. O animal tinha o pelo preto, rajado de manchas brancas; os da cauda, todavia, pareciam chamuscados. Sheng, insciente da procedência do cavalo, afugentava-o, mas, à noite, o corcel ao pátio retornava. Querendo visitar um amigo, funcionário público em Shanxui, mas ressentindo-se de montaria, Cui Sheng tomou o cavalo, pôs-lhe rédeas e partiu. Antes, contudo, disse à família: — Se alguém reivindicar o cavalo, diga-lhe que eu o montei até Shanxui. Saindo caminho afora, o cavalo galopou o percurso quase inteiro: percorrera, veloz, mais de trinta milhas. Porque, à noite, pouco se alimentou a montaria, suspeitou Cui Sheng que ela estivesse doente. No dia seguinte, apertou o freio do cavalo, para impedi-lo de correr com tanto ímpeto. Indômito, o corcel relinchou...

O ADVOGADO - Conto Clássico Cruel - André Benry

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O ADVOGADO André Benry (Séc. XX) No meio do silêncio que, bruscamente, se fizera na sala, o presidente do júri pronunciou com voz que tremia um pouco a frase libertadora. — Em minha alma e consciência, diante de Deus e diante dos homens, a resposta do júri é: ao primeiro quesito, não. Houve alguns murmúrios, logo cobertos por aplausos tão frenéticos que não cessaram nem com a ameaça de ser evacuada a sala. E todas as cabeças se voltaram para o defensor, Chapelle, o grande advogado, cujo nome é sinônimo de vitória. Chapelle, muito pálido, olhava os jurados. Parecia que o veredito o aniquilara. Entretanto, ele havia sustentado com tal convicção a inocência de seu constituinte que essa absolvição era prevista. De repente, viu-se o grande corpo do advogado inteiriçar-se e, depois, brutalmente, cair para a frente. Uma cadeira abriu-lhe a fronte. O sangue jorrou, manchando o rosto, a barba e a boca. Fez-se tumulto. Mulheres gritaram e desmaiaram. Dois guardas pegaram Chapelle inan...

PERSEGUIDO - Conto de Terror - Matheus Oliveira

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PERSEGUIDO Mateus Oliveira Eu havia conseguido esse emprego há pouco tempo. Não era o melhor emprego do mundo, mas pagava as minhas contas. Eu trabalhava como garçom; além de anotar os pedidos dos clientes, também ficava na minha responsabilidade arrumar as mesas, as cadeiras e fechar a loja. A lanchonete ficava aberta até tarde da noite. Demorei muito até achar alguém que me contratasse, então, não podia reclamar. Já passava das duas da manhã quando eu finalmente havia pegado a minha mochila e partido em direção à minha casa. Eu morava a nove quarteirões do trabalho, vinte e cinco minutos de caminhada. As ruas já estavam desertas àquela hora. O céu noturno brilhava com várias estrelas e uma lua cheia. O silêncio imperava. Nem mesmo o vento uivava. A cidade já havia dormido. O único ser vivo ali era eu. Chegando ao fim do primeiro quarteirão, tive a sensação de estar sendo observado. Olhei para os lados, mas não encontrei ninguém, nem ao menos um morador de rua. Coloquei a min...

QUE DIABOS DE MULHER ERA AQUELA? - Narrativa Verídica Sobrenatural - Rogério Silvério de Farias

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QUE DIABOS DE MULHER ERA AQUELA? Rogério Silvério de Farias Aconteceu comigo. E foi em plena luz do dia. Na verdade, o crepúsculo estava prestes a ocorrer quando aconteceu esse evento extraordinário, espantoso. As pessoas naturalmente não acreditarão. Irão me chamar de louco. Senhores, por obséquio, não sou louco. Tenho observado a vida e seus horrores fantásticos e extraordinários. Tenho estudado o Céu, a Terra e o Inferno, de modo que tudo é possível, neste e no próximo mundo. Estudei a morte e vi que ela pode ser uma chave para escapar dos horrores da existência. Não me importam os deboches contra a minha pessoa. Irão rir, me chamar de loroteiro, de contador de histórias fantásticas. Não perderei a tramontana, irritando-me com o deboche e as piadinhas dos outros. O que importa o que as pessoas acham de mim? Todos que debocham maldosamente de quem teve uma experiência extraordinária como a minha estão a meio caminho de se tornarem néscios totais. E o mais espantoso dessa mi...

CONFISSÕES DO VAMPIRO DE LONDRES - Narrativas Verídicas de Horror - John George Haig

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CONFISSÕES DO VAMPIRO DE LONDRES John George Haig 1 (1909 – 1949) O Dr. Handerson e sua esposa gostavam de ouvir-me ao piano, durante horas a fio, sem que nada viesse a interromper esses momentos de elevação espiritual. Possuíam um magnífico cão perdigueiro, ao qual me afeiçoei desde o primeiro dia, como um leal amigo. Desde criança, tive adoração por esses animais. Sempre declarei que, se tivesse dirigindo um automóvel e me visse em situação tal que fosse obrigado a escolher entre atropelar um homem e um cachorro, não vacilaria em lançar meu carro contra o homem. * Sempre, de uma maneira ou de outra, meus sonhos apareciam tintos de sangue e desempenhavam, talvez, a parte mais fascinante e terrível de minha vida. O gosto pelo sangue veio-me quando, ainda criança, apanhei na mão com uma escova de cabelo. A mão sangrou e pensei que ia morrer. Entretanto, essa preocupação se transformou numa sensação de prazer quando, para aliviar as dores, lambi o sangue que me cobria os dedos. S...

A MULHER-FANTASMA - Conto Clássico Fantástico - Brian Hayes

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  A MULHER-FANTASMA Brian Hayes (Séc. XX) Tradução de autor anônimo do séc. XX A mulher de cabelos louros muito compridos e vestida de verde lavava algumas roupas tintas de sangue num regato que corria ao lado da estrada. O professor Finn McBryan, subindo da estação rumo à sua casa, ficou naturalmente espantado ao vê-la, mas, fiel a seus princípios de linhagem e cavalheirismo, não se deixou tomar de maior curiosidade. A lavagem de vestes ensanguentadas é evidentemente uma questão pessoal e íntima e, se a mulher preferiu realizar aquela tarefa em lugar devassado, em vez de usar a pia doméstica ou a moderna máquina elétrica, seria, no muito, uma incongruência que o bom tom e o espírito de louvável tolerância desculpavam com facilidade. Ademais, o professor McBryan estava com grande pressa. Tivera a boa sorte de alcançar, nesse dia, o trem das 3h53 em Paddington, o que significava sua chegada à casa meia hora mais cedo que de hábito, dando-lhe, ao mesmo tempo, a sens...